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Passageiro teve de escolher quem salvar

DE SÃO PAULO

Se estivesse com toda a sua família a bordo de um navio naufragando, quem você salvaria primeiro? Em meio ao desespero dentro do Costa Concordia, na tragédia que completa hoje uma semana, o italiano Claudio Masia se viu diante desta dura escolha.

Conseguiu salvar os dois filhos, a sobrinha, a mulher e a mãe. Mas perdeu o pai, Giovanni, na escuridão do navio.

Quando sentiu o forte impacto, seguido de um apagão, Masia sabia que algo grave havia ocorrido.

Pensou logo na segurança dos filhos, de 8 e 13 anos, e da sobrinha. Depois, na de sua mulher, de sua mãe e de seu pai, que teve a ideia de levar toda a família para o cruzeiro pela costa da Toscana.

Ao ouvir o alarme e a orientação para sair do navio -40 minutos após o impacto-, Masia correu para pegar os salva-vidas e subiu ao deque com a família.

Teve início então a batalha por lugares nos botes que já desciam até o mar.

"Eu não me envergonho de dizer que empurrei pessoas e usei meus punhos para encontrar um lugar seguro. Um cara tentou levar o colete da minha filha, e eu a segurei antes de ela quase cair no mar", disse ao italiano "La Stampa".

Garantir a segurança dos pais foi ainda mais difícil. Masia carregou nos ombros a mãe de 84 anos até conseguir um lugar em um dos botes. Quando voltou para buscar o pai, já não o encontrou mais.

"Procurei em todos os lugares, na escuridão da noite e do mar. Nunca mais o vi. Desapareceu quando o navio afundou."

Masia passou todo o fim de semana na Toscana, esperando por alguma boa notícia do pai. Na segunda-feira, teve a confirmação que não queria: o pai, que sonhou em reunir a família em um cruzeiro, encerrou nele sua história.

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