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Morre opositor cubano após greve de fome

Wilman Villar, 31, protestava havia 50 dias contra sua prisão durante protesto em defesa dos direitos humanos na ilha

Oposição denuncia a prisão de ativistas que iriam ao funeral; EUA instam Cuba a dar 'pleno acesso' a presos políticos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A morte de mais um dissidente cubano que protestava com greve de fome contra violações de direitos humanos volta novamente as atenções à postura do regime de Raúl Castro sobre o tema.

Wilman Villar, 31, não resistiu a um quadro de infecção generalizada e pneumonia, após 50 dias sem comer na prisão, e morreu anteontem à noite, em um hospital da cidade de Santiago de Cuba.

O episódio reaviva o caso de Orlando Zapata Tamayo, dissidente que morreu em fevereiro de 2010, depois de 85 dias de greve de fome.

Tamayo, que estava detido desde 2003, era considerado "preso de consciência" pela Anistia Internacional -reconhecimento que Villar estava prestes a obter, segundo a organização não governamental- e protestava contra as condições carcerárias.

Ele morreu um dia antes de o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegar a Cuba para visita oficial, e apenas "lamentar" o incidente.

Preso em 14 de novembro, quando participava de um protesto em apoio às Damas de Branco -grupo formado por mulheres de presos políticos-, Villar foi condenado a quatro anos de prisão.

Detido na prisão de Aguadores, logo iniciou uma greve de fome para protestar contra sua sentença.

SAÚDE DETERIORADA

Familiares e opositores disseram que sua saúde foi se deteriorando progressivamente, e no último dia 14, ele precisou ser levado ao Hospital Geral Juan Bruno Zayas, de onde não saiu mais.

A oposição cubana denunciou a prisão de ativistas que tentaram assistir ao funeral de Villar, cujo corpo estava sendo velado ontem no povoado de Contramaestre, a cerca de 900km de Havana.

O governo dos Estados Unidos logo se pronunciou sobre o episódio. "A morte sem sentido de Villar ressalta a repressão permanente do povo cubano e os infortúnios que encaram os indivíduos valentes que defendem os direitos universais de todos os cubanos", disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, em comunicado.

O Departamento de Estado, por sua vez, instou o regime de Castro a permitir ao relator especial da ONU e ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha o "pleno acesso" às prisões e aos presos políticos.

A Espanha, por sua vez, pediu "a libertação de todos os presos políticos e a garantia dos direitos humanos e das liberdades fundamentais".

Cuba libertou recentemente, após um acordo com a Igreja Católica, um grupo 75 presos políticos condenados em 2003 por conspiração. Muitos foram acolhidos na Espanha.

Para a organização Human Rights Watch, a morte de Villar mostra como o regime "castiga" os dissidentes.

"Prisões arbitrárias, julgamentos viciados, encarceramentos desumanos e assédio a familiares são as técnicas usadas para silenciar os críticos", disse José Miguel Vivanco, diretor para as Américas da organização, que pediu o fim das ameaças a Maritza Pelegrino Cabrales, viúva de Villar, e às Damas de Branco, grupo do qual faz parte.

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