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Morte desafia meta de Dilma de discrição sobre tema

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

A morte do dissidente cubano Wilman Willar poderá trazer à viagem da presidente Dilma Rousseff a Cuba, no dia 31, constrangimento semelhante ao vivido pelo ex-presidente Lula, que foi surpreendido em fevereiro de 2010, em Havana, pela morte de Orlando Zapata, que também fazia greve de fome.

Na época, Lula fez uma declaração terrível, condenando esse tipo de protesto -que ele próprio usou quando sindicalista sob a ditadura- e comparando os presos políticos cubanos a prisioneiros comuns no Brasil.

É difícil imaginar que Dilma, menos dada a arroubos verbais, incorra em frase parecida. Seu estilo de diplomacia presidencial é mais discreto e focado em questões práticas. Na preparação da visita a Cuba, tem sido dada ênfase ao aspecto econômico da relação bilateral.

DIREITOS HUMANOS

No entanto, a posição do governo em relação ao tratamento de questões de direitos humanos em outros países não mudou em sua essência sob Dilma.

No início da semana, o Ministério das Relações Exteriores informou que a presidente não pretendia falar desse tema publicamente em sua visita a Havana.

Ontem, fontes do governo disseram que a morte de Willar a princípio não muda essa orientação.

Segundo o Itamaraty, a posição brasileira é de "não singularizar um caso ou outro" de violação de direitos.

O tema é tratado em conversas privadas com autoridades estrangeiras ou, preferencialmente, nos fóruns específicos, como o Conselho de Direitos Humanos da ONU, onde Cuba já passou por uma revisão periódica (obrigatória para todos os países).

Foi no Conselho que a diplomacia brasileira votou em 2011 a favor da nomeação de um relator especial para o Irã, posição diferente da adotada sob Lula.

No entanto, quando uma moção de condenação a Teerã foi votada na Terceira Comissão da Assembleia Geral da ONU, que a diplomacia vê como fórum menos legítimo para repreender países por violações humanitárias, o Brasil voltou a se abster, como ocorria antes.

O Planalto argumenta que é preciso evitar a seletividade, isto é, se for para se pronunciar em Havana sobre a falta de liberdade política, seria necessário falar em Washington, que Dilma visita em março, sobre a prisão de Guantánamo, não muito longe da capital cubana.

O porém desse raciocínio é que a palavra brasileira tem mais peso em Cuba do que nos EUA, e é ela que buscarão todos os interessados, com as melhores ou piores intenções, na situação da ilha.

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