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Pessimismo com economia afeta até mesmo empresários chineses

Só 15% dos executivos ouvidos em 60 países acreditam que a economia melhorará neste ano

Pesquisa mundial da Pricewaterhouse Coopers foi divulgada ontem no Fórum de Davos, na Suíça

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

Dizer que a edição 2012 do Fórum de Davos começa com forte pessimismo de parte de sua principal clientela, o empresariado global, seria dizer o óbvio, ante a chuva de notícias negativas dos últimos muitos meses.

Mas a situação fica realmente feia quando se sabe que até os chineses, inoxidáveis campeões mundiais de crescimento, foram contaminados pela desconfiança: aliás, foi na China, de todos os países da Ásia Pacífico, que a confiança do empresariado sofreu o maior recuo de 2011 para cá, revela pesquisa mundial da consultoria PricewaterhouseCoopers.

Só 51% de seus executivos acreditam que registrarão crescimento de faturamento, quando, no ano passado, os confiantes eram 72%.

O pessimismo é fácil de explicar: dos 1.258 executivos entrevistados em 60 países, apenas 15% acreditam que a economia mundial vai melhorar neste ano.

Mais que o triplo (48%) prevê um declínio ainda maior e um terço (34%) acredita que a economia global continuará na mesma -com recessão ou anêmico crescimento no mundo rico e desaceleração nos emergentes.

Mesmo assim, o empresariado não deu sinais de pânico durante o período da pesquisa (o último trimestre de 2011). Ao contrário: 45% dos executivos disseram-se "muito confiantes" no crescimento de faturamento de suas companhias em 2012. É verdade que o número é inferior aos 48% que manifestavam idêntico otimismo no ano passado, mas ainda assim é bem mais do que os magros 31% de otimistas de 2010, quando a economia começava a sair da crise de 2008.

"Os executivos-chefes estão desapontados com o curso da economia global e o ritmo da recuperação", constata Dennis Nally, presidente da PwC International. Por isso, completa, "o otimismo que havia começado a se instalar cautelosamente desde 2008 começou a retroceder".

Há também explicações para o fato de não haver pânico: Nally acha que "o longo ciclo de desaceleração ensinou os executivos a gerenciar seus negócios com eficiência cada vez maior".

Pelo menos é o que eles disseram aos pesquisadores: "Os executivos agora dizem que estão mais bem preparados para lidar com uma economia definida pela volatilidade nos mercados globais".

INQUIETAÇÃO RELATIVA

Mas no Brasil é preciso relativizar a inquietação. Primeiro porque, como a Folha mostrou ontem, o país virou o terceiro ponto no mundo em que estão depositadas as esperanças de crescimento dos executivos estrangeiros.

Já os executivos nacionais têm um argumento imbatível para o otimismo, usado por Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza. Depois de lembrar aos entrevistadores que "40 milhões de pessoas somaram-se ao mercado de consumo", ela disparou: "45% das pessoas ainda não têm TV LCD, 45% não têm máquina de lavar e 95% da nova classe média não é dona de sua casa, a maioria no Nordeste. À medida que melhoram seu padrão de vida, vão querer suas casas, fogões, geladeiras, TVs LCD etc".

Um olhar otimista que combina à perfeição com a pesquisa Datafolha recente que mostra que apenas 13% dos brasileiros acham que a economia vai piorar -número diametralmente oposto àqueles com os quais Davos abre seu encontro anual.

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