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Emergentes rumam para 2ª menor alta do PIB em dez anos

Previsão é de crescimento de 5,4% neste ano, resultado que só é melhor que o de 2009, no auge da crise global

Queda do volume de exportações para a Europa é um dos motivos da provável perda de ritmo em 2012

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO

Apesar de boa parte da atenção mundial estar voltada para os problemas dos países ricos, com suas dívidas crescentes e economias debilitadas, 2012 não será fácil para os emergentes, principal motor hoje do PIB global.

Tanto o FMI (Fundo Monetário Internacional) como o Banco Mundial divulgaram previsões neste mês que apontam para esse conjunto de países (que inclui da China a São Tomé e Príncipe) expansão de 5,4%, alta que, se confirmada, será a segunda menor nos últimos dez anos.

O avanço só será maior que o registrado em 2009 (2,8%), quando a economia sofria os efeitos da crise que se tornara global em setembro do ano anterior, quando o banco americano Lehman Brothers quebrou.

Os problemas vividos agora pelo emergentes prometem ser menos graves do que os de três anos atrás (salvo quebra de um país europeu) e misturam razões internas e declínio do setor exportador, afetado principalmente pelo menor consumo europeu.

E, assim como os problemas são diferentes para cada país, as soluções também têm que ser distintas, ao menos na visão do FMI.

"Alguns deles podem adotar políticas expansionistas [cortes de juros, por exemplo]. Outros, não. Eu acredito que o principal desafio será como lidar com a incerteza que vem da Europa", disse, na semana passada, Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, em apresentação em Washington.

"Cada país terá que se adaptar caso a demanda interna se desacelere ou não, e eles têm de estar prontos para mudar de tática se o mundo ficar mais instável."

Por mais instável, entenda-se a gravidade dos problemas europeus. A região não apenas caminha para a recessão, como a crise da dívida ainda não foi resolvida -além da Grécia, as ameaças estão centradas agora sobre Portugal.

CHINA

A China é o caso mais claro dos problemas vividos pelas nações emergentes.

O setor exportador, que vem sendo o motor da segunda maior economia do mundo nos últimos anos, já sofre os efeitos da crise europeia, com desaceleração das vendas para seu maior mercado.

Ao mesmo tempo, há um enfraquecimento na demanda interna, em parte relacionado com a queda no preço dos imóveis, resultado da restrição de crédito adotada pelo governo em 2010, para evitar bolha no setor.

A bolha pode ser um problema maior caso cresça o número de proprietários com hipoteca em atraso. Para o FMI, a China crescerá 8,2% -menor avanço desde 1999.

A Rússia, que sofre muita influência dos preços de commodities como petróleo e gás, deve ter o segundo menor crescimento em 14 anos.

Brasil, México e África do Sul também devem ter expansão inferior à dos últimos anos. Mesmo com esse cenário, os emergentes puxarão a economia global, ainda que de forma mais lenta, devendo ser responsáveis por 82% da alta do PIB mundial.

Os ricos, por sua vez, devem crescer 1,2%, 0,4 ponto menos que no ano passado.

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