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Sem-terra no Paraguai reúnem-se para retomar áreas de brasileiros

Lideranças estimam já ter reunido 15 mil famílias de 'carperos'

LAURA CAPRIGLIONE
ENVIADA ESPECIAL A CIUDAD DEL ESTE

O agricultor Eugenio Paredes Ovellar, 54, dirige-se a seus compatriotas paraguaios em guarani: "Esta é a nossa terra. O Paraguai exige respeito ao seu povo".

Escuta-o uma multidão de lavradores sem-terra, isolados na região de Ñacunday, a 95 km de Foz do Iguaçu, na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina.

Desde domingo, 300 sem-terra chegam por dia para engrossar o acampamento. As lideranças avaliam que os "carperos", como são conhecidos os acampados, já estão em cerca de 15 mil famílias. A polícia nacional não tem estimativa sobre o grupo.

A multidão diz estar pronta para retomar as terras "usurpadas" -o termo usado é esse- pelos "brasileiros". Segundo o dirigente sem-terra Victoriano Lopez, 49, os sem-terra estão acampados na mesma região há 13 anos. Reivindicam 260 mil hectares em propriedades ocupadas por brasileiros.

"São, na verdade, terras estatais do Paraguai, nunca, desde meados do século 19, alienadas pelo Estado Nacional. Foram usurpadas. Vamos pegar de volta", diz Lopez.

Os advogados dos "brasileiros" marcaram entrevistas com a Folha hoje pela manhã. Dizem que tem títulos de propriedade que autorizariam a exploração das terras.

Fernando Lugo é a esperança dos sem-terra, mas nunca apareceu em Ñacunday. "Nem sabe quem somos. Será que cuidará de nós?", pergunta-se Teodora Parede, 60, acampada há 7 anos.

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