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Eleição nos EUA revela apatia de latinos

Na Flórida, que faz hoje primária republicana, jovens hispânicos preocupam-se principalmente com a economia

Favorito no Estado, Romney deve reforçar dianteira sobre Newt Gingrich, ex-presidente da Câmara americana

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A MIAMI

Quando as urnas se abrirem hoje na Flórida, quarto Estado a votar nas prévias partidárias que decidirão quem disputará a Casa Branca com Barack Obama em novembro, uma fatia significativa do eleitorado latino deve simplesmente ficar em casa.

O grupo é cobiçado pelos dois principais dos quatro pré-candidatos republicanos -o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney, favorito aqui, e o ex-presidente da Câmara Newt Gingrich.

Nos últimos dias, ambos redobraram esforços, com propaganda em espanhol e uma série de eventos em que discursaram sobre imigração e a ditadura em Cuba. Mas podem ter errado o alvo.

"Os hispânicos não são um grupo monolítico", reclama Jennifer Sevilla Korn, diretora-executiva da Rede de Liderança Hispânica, ligada ao ex-governador Jeb Bush.

"É preciso se envolver com eles. Os cubanos [28% dos latinos da Flórida] pensam diferente, e os políticos erram ao achar que todos concordam em imigração."

Ela cita pesquisas segundo as quais a imigração é o quinto item na lista de prioridades entre os latinos, precedida por economia e empregos, sistema de saúde, segurança nacional e educação.

Em levantamento encomendado pelo grupo, 2 em cada 3 põem a economia e os empregos no topo da lista.

Na eleição primária de hoje, votam apenas os filiados ao Partido Republicano -4 milhões dos 11,2 milhões de eleitores da Flórida. Destes, 452,6 mil (ou 11,3%) são latinos, segundo dados da Divisão Eleitoral da Flórida.

ABISMO GERACIONAL

Embora tenham voz no partido e cadeiras conquistadas na Câmara e no Senado, os republicanos latinos na Flórida são menos numerosos do que os democratas e os independentes.

"Não sei ainda se é tendência entre todos os grupos latinos, mas há cada vez mais eleitores sem afiliação entre eles", diz Daniel Smith, professor de ciência política na Universidade da Flórida.

Smith enfatiza o fator geracional. Os cubano-americanos que fugiram do regime dos Castro há quatro ou cinco décadas ainda têm em Havana seu foco e são unanimemente conservadores.

"Mas os jovens cubano-americanos não são monotemáticos. E estão longe de serem conservadores como os pais", afirma. "Estão mais preocupados com a economia, algo que mexe com todos os jovens, independentemente da origem, aqui."

O desemprego na Flórida é de 10%, 1,5 ponto percentual acima da média nacional. O Estado também foi um dos mais abalados pela crise imobiliária de 2008, na qual milhares perderam a casa.

SEM POLÍTICA

A Folha abordou 21 pessoas nas ruas de Little Havana, onde a aura romântica deu lugar a ruas movimentadas com lanchonetes fast-food e revendedoras de carros. "Desculpe, 'mami', de política não quero saber", diz a balconista de uma doceria, com cerca de 25 anos.

Só duas pessoas falaram de política: um homem de 59 anos e outro de 81. Nenhum deles votará hoje.

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