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China precisa abrir finanças para crescer, dizem analistas

Para consultores, chineses não conseguirão se tornar a 1ª economia do mundo, como desejam, sem liberalização

CAROLINA VILA-NOVA
DE SÃO PAULO

Se quiser manter um nível sustentável de crescimento na próxima década, a China deve dar um passo crucial em direção à liberalização financeira, e 2012 deve ser um ano crucial para isso.

A avaliação é de dois dos principais especialistas em economia chinesa da atualidade, Louis-Vincent Gave e Arthur Kroeber, em evento anteontem no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo.

No último trimestre de 2011, o crescimento chinês desacelerou para 8,9%, a menor taxa em dois anos e meio. No total do ano, o país cresceu 9,2%, comparado com 10,4% em 2010, como efeito da crise na Europa -principal destino das exportações chinesas- e dos sinais de saturação dos setores de infraestrutura e construção civil.

A consultoria Dragonomics, de Kroeber, prognostica um crescimento médio de 7,5% nos próximos dez anos -desde que haja reformas.

"Os líderes chineses tem um objetivo muito claro: ser a primeira economia do mundo e tornar-se uma superpotência global", disse Gave, da consultoria GaveKal, à Folha.

"Eles não conseguirão isso nem pela mobilização do trabalho, nem pela mobilização da terra, mas mobilizando o capital de maneira mais eficiente. O padrão atual pode funcionar pelos próximos cinco anos, mas não pelos próximos 15."

"Uma liberalização é prerrequisito para o crescimento chinês", afirmou Kroeber. "Isso significa que as taxas de juros têm de aumentar e que os mecanismos de alocação dos recursos têm de ser determinados pelo mercado, com mais dinheiro indo para empreendedores e setores dinâmicos da economia, em vez de empresas estatais com conexões políticas."

Gave já vê sinais de mudanças, como a criação, neste ano, de um mercado de ações "offshore" em Hong Kong, em renminbi (o yuan), e o surgimento de uma nova geração de "reformadores" no Banco Central e no Ministério das Finanças chineses.

Kroeber é mais cético. "Nos últimos 30 anos, o partido sempre aceitou abrir mão do seu controle em favor de um maior crescimento. O ponto estratégico sempre foi o mercado financeiro. Então é um momento muito difícil."

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