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Nova 'Mona Lisa' é descoberta em Madri

Cópia do quadro feita por discípulo de Da Vinci na mesma época e no ateliê do mestre estava no Museu do Prado

Radiografias revelam que versão do quadro foi feita em paralelo ao original e que autor conheceu a Gioconda

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Técnicos do Museu do Prado, em Madri, reconheceram ontem uma nova Gioconda, numa descoberta que abalou o mundo da arte.

Um quadro antes tomado por uma cópia menor e posterior à "Mona Lisa", de Leonardo Da Vinci é, na verdade, uma espécie de fac-símile do original, pintado em seu estúdio por um discípulo ao mesmo tempo em que o artista executava sua peça.

A comparação das radiografias das duas pinturas mostrou ainda que a cópia foi mudando de acordo com a evolução da peça original, refletindo as decisões do mestre italiano, que trabalhou no quadro de 1503 a 1506.

A Gioconda mais jovem, aparentando ter algo entre 20 e 30 anos, de roupas mais vistosas, estava escondida sob camadas de verniz numa tela que ficava nos fundos da reserva técnica do museu.

O envelhecimento da tela original de Da Vinci, hoje no Louvre, em Paris, fez Lisa Gherardini, mulher do comerciante florentino Francesco Del Giocondo, parecer uma senhora de meia idade.

Estima-se que a cópia recém-encontrada seja mais fiel à aparência que ela tinha quando posou para o pintor.

Um dos pontos que ajudaram a reclassificar a cópia na história da arte foi a descoberta do pano de fundo da composição.

Enquanto Da Vinci retratara uma paisagem toscana, a mulher na cópia aparentava estar posando num ateliê, contra um fundo negro. Mas técnicos do Prado descobriram que uma camada espessa de verniz, aplicada no século 18, cobria uma paisagem quase idêntica à da original.

A hipótese mais provável é que o fundo foi mudado para adequar o quadro à presença de outros retratos sobre fundo neutro numa sala.

Outra descoberta importante para a reavaliação da cópia foi a que determinou o tipo de madeira em que a tela foi pintada -um pedaço de nogueira.

Antes, achava-se que a obra havia sido composta sobre uma peça de carvalho, material que não era usado na região de Da Vinci.

O pintor criou sua "Mona Lisa" numa placa de álamo, madeira semelhante à da nogueira e muito usada então por pintores florentinos.

Comparado ao original, o quadro agora atribuído ao assistente tem quase as mesmas dimensões, sendo um centímetro mais baixo e quatro centímetros mais largo.

O Museu do Prado estuda a possibilidade de enviar a cópia ao Louvre, para ser exposta ao lado da original.

A descoberta também dá força à tese de especialistas como o britânico Martin Kemp, que sugere a ajuda de assistentes em composições importantes de Da Vinci.

No caso da "Mona Lisa", é provável que o ajudante ainda não identificado tenha conhecido a modelo do quadro e presenciado as sessões em que ela posou.

Menos prejudicada pela ação do tempo, a cópia de "Mona Lisa" também revela novos detalhes da modelo, de suas roupas e do cenário.

Enquanto no original os tons ficaram esmaecidos, a cópia revela que ela vestia um véu transparente por cima do ombro esquerdo, e não um manto marrom. Também surgem detalhes no decote da modelo.

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