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Protestos no Egito têm incêndio e morte

Pelo menos 3 são vítimas de confrontos após tragédia que deixou 74 mortos em estádio de futebol, na quarta-feira

Prédio do governo é incendiado e polícia reprime manifestantes; cresce percepção de que junta militar é culpada

Mohamed Abd El-Ghany/Reuters
Manifestantes correm após a polícia do Egito disparar gás lacrimogêneo contra eles perto do Ministério do Interior, no centro da capital do país, Cairo
Manifestantes correm após a polícia do Egito disparar gás lacrimogêneo contra eles perto do Ministério do Interior, no centro da capital do país, Cairo

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
ALDO CORDEIRO SAUDA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO CAIRO

A revolta pela morte de 74 pessoas em uma partida de futebol na quarta-feira provocou mais distúrbios e mortes ontem no Egito, enquanto o país tentava entender o que levou à pior tragédia esportiva no mundo em 15 anos.

Para os milhares de manifestantes que foram às ruas, a resposta é clara: a culpa é da junta militar no poder, incapaz de manter a segurança desde a queda do ex-ditador Hosni Mubarak, há um ano.

Pelo menos três pessoas morreram e mais de 1.500 ficaram feridas em confrontos com a polícia que começaram na quinta e continuaram ontem. Os maiores protestos foram no Cairo e na cidade de Suez, a 130 km da capital.

No Cairo, os manifestantes foram rechaçados pela polícia com bombas de gás lacrimogêneo ao tentar invadir o Ministério do Interior.

O protesto foi liderado pelos "ultras", como é conhecida a facção radical de torcedores do Al Ahly, o time mais popular da capital.

Os torcedores do clube foram as principais vítimas da tragédia no estádio de Port Said (220 km a nordeste do Cairo), durante o jogo contra o time local, Al Masry.

Os dirigentes dos "ultras" dizem que estavam vulneráveis em Port Said, longe de sua base no Cairo e cercados por um ambiente hostil.

"Fomos impedidos de deixar o estádio enquanto éramos massacrados por agentes da policia", disse à Folha Mahmoud Abu Shark, um dos fundadores da torcida.

"Os portões do estádio sempre abrem 15 minutos antes do fim da partida. Desta vez, porém, ficaram trancados enquanto o Exército friamente nos assistia morrer".

Para Abu Shark, apenas a queda da junta militar encerrará as mobilizações que sacodem o Cairo. "Passou-se um ano e nada mudou, o regime é o mesmo e apenas as mobilizações poderão vingar os nossos mártires", afirmou.

PRÉDIO INCENDIADO

No auge dos protestos de ontem, um prédio do governo foi incendiado.

Em Suez, 3.000 pessoas cercaram a sede da polícia depois de saber que entre os mortos havia um morador da cidade. Forças de segurança responderam com bombas de gás e tiros, de acordo com a Associated Press. Duas pessoas foram mortas.

Em comunicado publicado em sua página no Facebook, a junta militar alertou que o país atravessa "a etapa mais perigosa e importante de sua história" e acusou elementos "externos e internos" pela escalada de violência.

Anteontem, o premiê Kamal Ganzouri dissolveu a federação de futebol do país, em meio à pressão de deputados islamitas, maioria no Legislativo.

Colaborou MARCIA CAMARGOS

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