Sem-terra esperam bênção do presidente

Em pelo menos um ponto, os integrantes do movimento dos sem-terra do Paraguai concordam. Todos acusam o brasileiro Tranquilo Favero de haver usurpado terras do Estado paraguaio.

Segundo o dirigente Victoriano Lopez, Favero não tem como comprovar a compra das terras que ocupa. Seria apenas um grileiro.

A seca que castiga os cultivos de soja e quebra a produção castiga também os 15 mil sem-terra (segundo os líderes) ou 700 (segundo a polícia), acampados na vizinhança das terras de Favero.

Rosalino "Kiko" Casco, outro dirigente, tenta animar seus camaradas. Pede gritos de apoio à mobilização, diz que é hora de entrar nas terras de Favero.

Mas boa parte dos acampados prefere esperar pela bênção do presidente paraguaio, Fernando Lugo, ex-bispo católico esquerdista.

Que não vem.

Advogados e líderes dos empresários afirmam que Lugo recebeu de Lula um "por qué no te callas? [por que você não cala a boca?, frase dita pelo rei espanhol, Juan Carlos, ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, em 2008]".

Os dois se encontraram durante internação no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo.

A partir daí, mudou a atuação do presidente paraguaio, que passou a enfaticamente "garantir o respeito à produção e à propriedade privada", conforme se divulgou oficialmente.