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Tensão impõe lei do silêncio entre universitários

KAREN MARÓN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM DAMASCO (SÍRIA)

"A verdade é que, na universidade, há muita tensão. O que mais me incomoda é que as amizades se desfizeram e muitos alunos já não se falam mais em razão de diferenças políticas", diz à Folha Hala Bishani, 20, estudante de literatura espanhola na Universidade de Damasco.

Ela falava à sombra da imponente estátua de Hafez Assad -o pai de Bashar e fundador da dinastia que comanda o regime-, em mármore negro, na entrada da maior e mais antiga universidade do país.

Essa figura dá a impressão de controlar tudo, mas são os "mukhbarat" sírios -os serviços de inteligência- que, em campo, observam cada passo e escutam cada palavra dos estudantes. Eles estão posicionados na entrada do setor dos docentes, nas ruas internas, nos corredores e em cada sala de aula.

Os jovens não querem falar, e muitos deles olham para os jornalistas, espantados, quando uma pergunta lhes é feita. Neste lugar, muitos dos estudantes trocaram as aulas pelas manifestações, e a Universidade de Damasco não está isolada da violência que assola o país há 11 meses.

Entre o que não se diz ou não se pode dizer estão os ataques de membros das forças de segurança contra um grupo de universitários que teria provocado a morte de cinco deles.

Mas tampouco se comenta a denúncia do desaparecimento de uma docente. Três meses atrás, a professora Jala Haidar entrou em uma sala do curso de física e escreveu na lousa: "As histórias sobre bandos armados são mentira. São o Exército e as forças de segurança que matam os manifestantes".

"Um dos alunos se aproximou dela, mostrou uma identificação da polícia secreta e lhe deu voz de prisão", diz um dos estudantes, que não se identificou.

Tradução de CLARA ALLAIN

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