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Opositor adota 'paz e amor' contra Chávez

Governador Henrique Capriles é o favorito hoje para vencer inédita primária para decidir opositor de presidente

Sem críticas diretas ao presidente, ele quer atrair 'chavistas light' em eleição presidencial marcada para outubro

Guillermo Su¡rez/Efe
O pré-candidato da oposição à Presidência da Venezuela Henrique Capriles durante um evento na cidade de Mérida
O pré-candidato da oposição à Presidência da Venezuela Henrique Capriles durante um evento na cidade de Mérida

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Embalada pela apertada vitória no voto geral nas legislativas de 2010, a oposição na Venezuela vive seu melhor momento em 13 anos e promove hojei inéditas eleições primárias que escolherão quem enfrentará Hugo Chávez nas urnas em 7 de outubro.

O favorito para a vaga é Henrique Capriles Radonski, 39, governador do Estado de Miranda, o segundo mais populoso do país e que abarca parte da Grande Caracas.

Capriles adotou discurso "paz e amor" para os padrões de polarização da política local. É uma estratégia que ele testou no governo estadual: redução da confrontação e de menções diretas a Chávez e adoção das cores pátrias -vermelho, azul e amarelo.

Com assessoria dos marqueteiros brasileiros Renato Pereira e Chico Mendez, que trabalharam na campanha de Sérgio Cabral (PMDB) ao governo do Rio, a candidatura do governador se voltou de cara para os grupos que podem decidir a disputa de outubro: os indecisos e os chamados "chavistas light", pró-governo que podem mudar de voto consumindo a vantagem que Chávez tem hoje.

Capriles inventou até um apelido para o último grupo: os "chaca-chaca", ou "chavistas com Capriles".

"Ao contrário do que parece, adotar esse discurso era a estratégia mais valente a fazer. Estamos quebrando muitos mitos e um deles é a forma de fazer campanha da oposição nesses 13 anos", diz Armando Briquet, 41, chefe de campanha e amigo de infância do pré-candidato.

Para a campanha, Chávez já é um mito político com o qual é difícil lutar, especialmente na classe E -47% do eleitorado venezuelano e onde o presidente tem mais de 20 pontos de vantagem.

O foco, então, é atacar o desgaste e ineficiências de políticas do governo e prometer que "há um caminho" para um genérico "progresso".

Mas nem tudo é previsível no roteiro de hoje, já que o principal concorrente de Capriles promete reverter os prognósticos das pesquisas acionando uma ampla militância partidária.

O governador solteiro e com pinta de galã dependerá, para vencer, mais dos votos espontâneos que da máquina partidária do seu conservador Primeiro Justiça.

A preocupação com o nível de participação espontânea é compartilhada pela mais ampla coalizão já feita pela oposição desde 1998, quando Chávez venceu.

A MUD (Mesa de Unidade), com quase 20 partidos que vão da esquerda à direita, quer levar entre 10% e 15% de eleitores às urnas, ou até 2,7 milhões de pessoas.

JOÃO SANTANA

Uma boa participação daria à oposição impulso frente a Chávez, que se declara curado do câncer que revelou ter em 2011 e melhorou seus índices de popularidade: ultrapassam agora 50%.

O presidente iniciou o "ciclo eleitoral" aumentando o gasto público a partir de setembro -ajudado pela manutenção do barril de petróleo acima de US$ 100- e lançou novos programas sociais.

Para reforçar sua ampla estrutura de propaganda para outubro, Chávez considera a contratação do marqueteiro João Santana, que fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010).

Com FERNANDO RODRIGUES, de Brasília

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