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Candidatas a desbancar Michelle Obama ganham destaque nos EUA Mulheres de aspirantes do Partido Republicano à Casa Branca tentam suavizar imagem deles Exceção é a mulher de Ron Paul, de quem se sabe pouco; as de Gingrich e Santorum têm livros publicados LUCIANA COELHODE WASHINGTON O cabelo loiríssimo, bem cortado em um chanel com topete, não é só a marca indefectível de Callista Gingrich. É o espelho do que vai abaixo dele: clássico, mas chamativo, e imóvel. Quase engessado. Quando Callista fala -como fez anteontem ao apresentar o marido, o ex-presidente da Câmara e aspirante republicano à Casa Branca, Newt Gingrich, em uma convenção conservadora em Washington-, piadas soam como bula de remédio. Ela fica à vontade diante de câmeras (coapresentou uma série de "documentários" políticos e religiosos com o marido), mas não tem a naturalidade de Newt no palco. "Preciso contar que ele é um golfista dedicado", disse à plateia. Soou ensaiado. A multidão murchou. Do lado oposto do ringue, outra loira, Ann Romney, tem o efeito contrário. Entre a ex-primeira-dama de Massachusetts e o marido, Mitt (por ora o favorito na briga pela candidatura republicana à Presidência dos EUA), é ele quem parece de plástico. Quando Ann troca o tailleur pela calça de montaria (sim, ela pratica o esporte) e sobe ao palanque, a tensão deixada por ele, esforçado mas nunca caloroso, some. A plateia sorri e se identifica com a dona de casa de 62 anos que se põe a contar como passou a vida cuidando dos cinco filhos para o marido decolar em suas carreiras de executivo e de político. "Ele me dizia que o meu trabalho era mais importante, pois o dele era temporário", contou em um comício na pequena Naples, Flórida. "O mais legal é que ele realmente achava isso", exclama. Pronto. Romney se torna humano para o público. Ann e Callista têm trajetórias distintas, e isso não foge da atenção do eleitor conservador do partido. Nem dos comentaristas progressistas -e está aí um raro ponto em que os grupos coincidem. Não há piada nem sobrancelha erguida com Ann, que se recuperou de um câncer no seio, sofre de esclerose múltipla e está quase sempre rodeada dos filhos ou dos 16 netos, resultado de um relacionamento que começou como namoro de escola. Já Callista é quase sempre descrita como a amante, a terceira mulher, cuja relação com Gingrich, 23 anos mais velho, começou quando ela trabalhava para outro deputado, e ele era casado com Marianne (também portadora de esclerose múltipla). "Embalada em diamantes da Tiffany's, Callista personifica a dubiedade do Gingrich penitente em público e de sua imoralidade em particular", escreveu Maureen Dowd no "New York Times", aludindo ao fato de o candidato se apresentar como católico que se arrepende dos pecados. A conversão é obra de Callista, que canta no coral da igreja e arrastava o marido para as apresentações (ela ainda toca trompa). A campanha se preocupa com essa imagem dupla e tenta amenizá-la -sua página na Wikipedia foi submetida a 23 revisões pelo diretor de comunicação de Gingrich e agora consta na lista de discussão no site sobre conflito de interesse (na página do marido, o adultério persiste). No discurso de anteontem, Callista falou sobre como ela e Newt gostavam de fazer campanha com "nossos netos" -embora as únicas filhas do político, Kathy e Jackie, sejam de seu primeiro casamento, e a mais nova tenha a idade da madrasta, 45. COADJUVANTES Onipresentes, Ann e Callista se mantêm como protagonistas da corrida para substituir Michelle Obama independentemente da posição de seus maridos nas pesquisas. Mas Karen Santorum, 51, a ex-enfermeira neonatal e advogada casada com o ex-senador Rick Santorum, chama a atenção conforme a campanha do marido avança. Os dois estão casados há 21 anos e tiveram oito filhos. Um deles, Gabriel, morreu ao nascer e virou tema do livro de Karen, "Cartas para Gabriel" (Callista também é autora de um livro infantil com lições conservadoras). A caçula Isabella, 3, sofre de um mal genético, a trissomia do cromossomo 18, cujos portadores raramente sobrevivem mais de um ano. Por isso, nem sempre Karen acompanha Rick na estrada, e o papel às vezes fica com a filha mais velha, Elizabeth. Entre as mulheres dos pré-candidatos, Karen só não é mais discreta do que Carol Paul. Aos 75 anos e casada com o incansável deputado Ron Paul, 76, desde os 20, ela o segue pelo país, mas raramente sobe ao palanque. Em 2007, reclamava que a campanha lhe privava do sono. Pouco se sabe de sua vida -exceto que teve tantos empregos quanto exigiu o caixa da família (são cinco filhos, incluindo o senador Rand Paul), adora artesanato e foi quem convidou Ron para o baile de debutantes onde o namoro começou. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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