Em bar, souvenir tem mapa que omite a Argentina

"Se você faz algo errado, prefere que quem fique sabendo seja um amigo ou um inimigo?" É assim que Roger Spikes, presidente da Falkland Islands Corporation, responde sobre como é viver numa cidade em que todos se conhecem.

"O anonimato das grandes cidades não existe aqui. Como não convivemos com essa sensação, não faz falta."

Em Stanley, todos se cumprimentam na rua. E as pessoas se encontram várias vezes por dia. Mesmo o viajante que passa alguns dias no local rapidamente se familiariza com os rostos e as atividades e é levado a sair cumprimentando também, para não destoar do ambiente.

Uma das coisas que confundem um pouco é encontrar, num mesmo dia, a mesma pessoa em dois lugares. Como a demanda por serviços é pequena, muitos adultos têm duas atividades.

Sam Davies, por exemplo, trabalha como guia turística e na academia de ginástica local. Há quem acumule turnos no comércio com outro emprego à noite. Nas ilhas, vive uma brasileira, a mineira Helena Shillitoe. Chegou há mais de dez anos, trabalha em agência de turismo e tem dois filhos com um inglês. "Eles adoram isso aqui. Foram estudar na Inglaterra, mas só pensam em voltar. Acabei me adaptando por causa deles", diz ela, que trocou a calma de Três Pontas pelas ventanias de Stanley.

Única grande loja local, a West Store vende itens de supermercado, farmácia e banca de jornal. Ver suas prateleiras é como viajar à Inglaterra. Sucos, bolachas, chocolates têm marca britânica.

Não há cinema, teatro ou LAN house. A diversão noturna são os três pubs da cidade. No Victory, vende-se um curioso souvenir, uma xícara com um mapa da América Latina onde não existe a Argentina. Em seu lugar, um vasto azul com o "nome": "Mierda sea [mar merda]".