Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Carreira foi construída por uma voz inigualável, mas os discos são fracos

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Algumas cantoras ficam célebres por parcerias afinadas com grandes compositores, como Dionne Warwick. Outras, veja Mariah Carey, têm produtores que conduzem suas carreiras ao sabor dos ondas do mercado. Já Amy Winehouse resgatou um gênero e fez escola.

Whitney Houston não era de nenhum desses tipos acima. Teve só uma coisa: sua voz. E bastou.

Nenhum de seus álbuns é particularmente bom. Mas, desde o primeiro, em 1985, colocar qualquer um no toca-discos é uma experiência impactante.

Chaka Khan e Jermaine Jackson, que tiveram uma Whitney ainda adolescente fazendo backing vocals em suas gravações, disseram muitas vezes que o sucesso mundial viria para ela quando gravasse seu primeiro disco.

Veio. "Whitney Houston", o álbum de 1985, ganhou Grammy e vendeu 25 milhões de cópias -metade delas no EUA. E é um disco ruim.

As faixas são pop meloso com uma ou outra se atrevendo a ser rhythm and blues. É a mistura "diet" de pop, soul e funk em que se transformou a música negra americana.

Whitney fez mais dois álbuns nos anos 80, milionários e medianos. Seu produto mais bem acabado é a trilha do filme "O Guarda-Costas", de 1992, também sua estreia como atriz e um estouro de bilheteria.

BARRACOS

Mas o período hollywoodiano de Whitney coincidiu com seu casamento com o cantor Bobby Brown.

Ele vai provavelmente carregar até o fim da vida o olhar acusatório das pessoas. O casamento durou quase 15 anos, entre trancos, barrancos e barracos.

Quando estava no estágio de bebedeiras e embates físicos, a imprensa tratava o casal como novos Ike e Tina Turner. Mas as drogas pesadas vieram para destruir de vez.

Na última década, a carreira de Whitney ficou restrita a fotos nos tabloides, que ressaltavam magreza, hematomas e olhares perdidos. Na música, tentativas de retorno se resumiram a discos fracos e shows constrangedores.

A morte precoce deve render mais páginas sensacionalistas. Análises de sua carreira vão enaltecer os 430 prêmios internacionais (entre eles seis Grammy) e os 170 milhões de discos vendidos.

Mas fazer uma homenagem pessoal a Whitney é simples. Basta comprar uma coletânea de sucessos e ouvir sua voz. Não era técnica, era dom. Ninguém canta como Whitney Houston.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.