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Estrangeiro obtém 1/3 das novas vagas dos EUA em 2011

Salário menor e avanço do setor de serviços explicam alta; imigrante representa 15% da população do país

Desemprego, porém, ainda é mais alto que antes da crise, e muitos hispânicos pensam na volta ao país de origem

ÁLVARO FAGUNDES
DE SÃO PAULO
VERENA FORNETTI
DE NOVA YORK

Os trabalhadores estrangeiros foram em grande parte responsáveis pela recuperação dos dados de emprego nos EUA no ano passado.

Para cada 3 vagas que havia a mais em dezembro do ano passado em relação ao mesmo período de 2010, 1 tinha sido obtida por imigrantes. Essa recuperação fez com que a taxa de desemprego desse segmento caísse de 10,6% para 8,8% -ficou em 8,2% para os americanos.

O dado surpreende ainda mais porque os estrangeiros representam apenas 15% da população dos Estados Unidos com mais de 16 anos.

A explicação para essa retomada é que os estrangeiros estão mais concentrados no setor de serviços (como hotéis, transporte e comércio), que foi a área que mais gerou postos no ano passado.

Além disso, eles costumam ganhar menos que os empregados americanos (a vantagem dos nascidos nos EUA gira em torno de 20%).

É o caso do equatoriano Fred Urjilez, 39, há 15 anos nos EUA e que trabalha em um restaurante em Newark (Nova Jersey). "É muito esforço. Você sempre tem que ter três trabalhos. Se perde um, fica com dois. Se perde dois, ainda fica com um."

"Quando cheguei, a economia estava melhor. Era mais fácil encontrar emprego e se obtinha mais dinheiro porque conseguíamos mais horas de trabalho na semana."

Ao contrário dos americanos, os desempregados imigrantes (legais ou ilegais) desistem menos de procurar trabalho -quem fica mais de um mês sem ir atrás de vaga não é mais considerado desempregado pelos dados oficiais.

Essa diferença de comportamento, acentuada com a crise, cria uma distorção, diz Heidi Shierholz, especialista do Economic Policy Institute, que, na verdade, torna os dados sobre estrangeiros "um pouco menos ruins" que os dos americanos.

Para ela, uma das explicações para a "persistência" dos imigrantes é que muitos não têm uma rede de segurança (família, auxílio do governo), o que faz com que insistam na busca por trabalho.

MELHORA RELATIVA

Ainda que o desemprego venha caindo nos últimos meses, ele está muito distante do nível pré-crise. "Há um buraco muito grande a ser superado", diz Shierholz.

Antes de a recessão americana ter início, em dezembro de 2007, a taxa de desemprego dos imigrantes não apenas era inferior a 5% como também muitas vezes era menor que a dos americanos.

Reflexo disso é que 54% dos hispânicos (nascidos ou não nos EUA) se sentem mais prejudicados pela crise que o restante da população.

E muitos desses latino-americanos (são cerca de metade dos imigrantes nos EUA) pensam em voltar para casa.

"Eu estou voltando para o meu país em três ou seis meses. Para trabalhar e só conseguir comer e pagar aluguel, não vale a pena ficar aqui", conta a colombiana Luz Lopes, 50, que mora em Newark e faz trabalhos de limpeza.

"O meu sonho americano se tornou um pesadelo. Antes, mesmo sem falar inglês direito, havia emprego. Agora não. Consigo hoje no máximo US$ 8.000 por ano, metade do que antes."

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