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Um ano após revolta, Líbia é "terra sem lei", diz Anistia

Dossiê aponta enfrentamento entre focos leais ao ditador Muammar Gaddafi, morto em outubro, e milícias armadas 'fora de controle'

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O protesto de famílias de prisioneiros que se transformou em revolta popular e mais tarde na guerra civil que acabaria levando à execução de Muammar Gaddafi completa hoje um ano, mas os líbios se preparam para uma comemoração modesta.

Temendo ataques de milícias leais ao ex-ditador, o governo reforçou a segurança e recomendou aos conselhos regionais evitar excessos, num sinal da volatilidade que persiste no país.

CELEBRAÇÕES SIMPLES

As instruções são "manter as celebrações simples e evitar paradas militares", disse o porta-voz do CNT (Conselho Nacional de Transição), Mohammed Al Harizi.

Mas, com o Exército esfacelado pelo conflito e o novo aparato de segurança nacional ainda para nascer, a autoridade do governo provisório permanece limitada.

Oficialmente, a execução de Gaddafi pôs um fim a meses de guerra civil que deixou milhares de mortos e paralisou a economia.

Quatro meses depois, porém, o país é "uma terra sem lei", alerta um relatório da Anistia Internacional divulgado ontem.

O principal foco de instabilidade, segundo a organização, não são os bolsões de apoio ao ex-ditador, mas sim os grupos paramilitares formados para combatê-lo.

"Centenas de milícias armadas, consideradas heroicas por seu papel na queda do antigo regime, estão fora de controle", diz o dossiê.

"Suas ações e a recusa em se desarmar ameaçam desestabilizar a Líbia." O relatório afirma que os rebeldes fizeram milhares de prisioneiros em sua descontrolada caça aos gaddafistas, que em muitos casos foram torturados até a morte.

Centros de detenção das milícias são inacessíveis ao CNT, confirmando que o vácuo deixado por Gaddafi está longe de ser preenchido.

A ameaçada estabilidade é vital para a recuperação da economia, que encolheu 60% em um ano de conflito, segundo o FMI.

Uma das poucas boas notícias é que a produção de petróleo, maior riqueza do país, voltou a 1,3 bilhão de barris por dia, após ser praticamente paralisada. A expectativa do governo é voltar ao nível pré-revolução, de 1,7 bilhão por dia, até o fim do ano.

No último domingo, o CNT anunciou a intenção de transferir Saif al Islam, filho de Gaddafi, para uma prisão em Trípoli e julgá-lo no país. Ele está preso em local e condições não divulgadas.

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