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Alemanha está dividida sobre novo pacote de socorro à Grécia

Ministro das Finanças é a favor de calote grego, Merkel se opõe

GERRIT WIESMANN
QUENTIN PEEL
DO “FINANCIAL TIMES”

O governo alemão está dividido sobre conceder ou não um segundo pacote de ajuda à Grécia. O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, é a favor de se deixar que Atenas dê um calote, e a chanceler Angela Merkel é inequivocamente contrária à proposta, segundo autoridades alemãs e da zona do euro.

Consta que Schäuble teria chegado à sua posição linha-dura à luz das recentes discussões sobre as novas medidas de austeridade da Grécia e da recusa de alguns políticos gregos de prometer apoiar o acordo após as eleições previstas para abril.

"Schäuble não acha que os gregos possam cumprir mais promessas", disse um funcionário da União Democrata-Cristã, de Merkel. O ministro receia desembolsar mais dinheiro dos contribuintes alemães num segundo resgate.

Um funcionário da chancelaria destacou que Merkel e Schäuble continuam unidos na meta de convencer a Grécia a concordar com as exigências da zona do euro antes de aprovar o pacote.

Ele, porém, também reconheceu que o ministro está "manifestando mais impaciência" que a chanceler.

Nos últimos dias, Schäuble provocou a ira dos gregos com declarações públicas para que a Grécia adie as eleições e, ao invés disso, instale um governo tecnocrático, semelhante ao formado por Mario Monti na Itália.

A discordância entre Schäuble e Merkel parece ser uma das razões da demora na negociação de um segundo pacote de resgate grego.

Na segunda-feira, os ministros da zona do euro terão novo encontro em Bruxelas e poderão assinalar sua concordância com o pacote de € 130 bilhões. Mas também está em estudo um acordo que cobriria só a reestruturação da dívida soberana grega e um empréstimo temporário até abril.

Merkel continua a se opor a um calote, principalmente devido às suas consequências desconhecidas sobre outros títulos de dívida soberana.

Membros do governo temem que a defesa de um calote pelo ministro incentive mais membros da coalizão a não apoiar o pacote grego. "Precisamos de uma maioria, e a posição de Schäuble está dificultando isso mais ainda", disse um funcionário.

Tradução de CLARA ALLAIN

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