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Após três anos de briga, Brasil volta a investir no Equador

Odebrecht, expulsa do país em 2008, inicia construção de hidrelétrica, e BNDES deve liberar empréstimo

Brasília chegou a retirar embaixador em Quito, após presidente Correa ameaçar dar calote em financiamento

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Brasil e o Equador "fizeram as pazes": a Odebrecht voltou a construir no país e o BNDES está analisando a concessão de um empréstimo de cerca de US$ 100 milhões.

Três anos depois de a Odebrecht ser expulsa do Equador e o presidente Rafael Correa ameaçar dar um calote no BNDES, a empreiteira acaba de iniciar as obras da hidroelétrica Manduriacu, de US$ 124,8 milhões.

Na licitação que venceu, disputada com as empresas brasileiras Engevix e Camargo Correa, a Odebrecht apresentou carta de intenções do BNDES de financiamento do projeto. Segundo a Folha apurou, a Câmara de Comércio exterior (Camex) aprovou o empréstimo.

"É a reconciliação, depois de mais de três anos de relações paralisadas", disse à Folha o ministro de Produção do Equador (equivalente ao ministério do Desenvolvimento), Santiago León.

Em 2008, a Odebrecht foi acusada de suposto "desleixo" na construção da hidroelétrica de San Francisco e expulsa do Equador. Por causa da briga, o Brasil chegou a retirar seu embaixador em Quito por dois meses, após o presidente Correa ameaçar não pagar parte da dívida de US$ 243 milhões com o BNDES.

Agora, o banco deve liberar um novo empréstimo para a hidroelétrica Manduriacu e talvez para outras obras de infraestrutura no valor de até US$ 650 milhões disputadas por construtoras brasileiras.

Hoje, o Equador depende pesadamente de empréstimos da China para suas obras de infraestrutura.

O país asiático emprestou cerca de US$ 2,7 bilhões ao Equador no ano passado, para obras de hidroelétricas tocadas por empresas chinesas. "Mas as taxas cobradas pela China são mais altas que as do BNDES", disse León.

Por isso, o governo equatoriano está empenhado em uma ofensiva para atrair investimentos brasileiros, com recursos do BNDES, para obras de infraestrutura no país andino.

As empreiteiras chinesas entram com 70% do financiamento das obras com o banco de desenvolvimento ou o Eximbank chinês e exigem a compra de equipamentos e serviços chineses. Esse é o modelo que o governo do Equador propôs ao governo brasileiro.

Em reunião na semana passada com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, León pleiteou US$ 1 bilhão em empréstimos do BNDES para empresas brasileiras fazerem obras no Equador. O BNDES diz que o empréstimo para a hidroelétrica está em análise pela diretoria do banco.

León disse que o Equador está oferecendo uma série de garantias às empresas brasileiras, por meio de contratos de investimentos, para que incidentes semelhantes ao que ocorreu com a Odebrecht em 2008 não se repitam.

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