Análise

Sinais indicam que se trata do magnata de sempre, usando o seu poder de fogo

A página 3 do "Sun on Sunday", como no "Sun" durante a semana, trouxe uma mulher seminua, a cantora Kelly Rowland. Mas com uma novidade, ela cobre os seios com as mãos.

É a imagem contida que Rupert Murdoch quer passar, expressa em editorial: o tabloide será "divertido" e "destemido", mas terá "comportamento ético". Terá até ombudsman, "um defensor independente dos leitores, para corrigir erros significativos".

Não se sabe até onde vai a contrição do magnata. Assim como a próxima edição já poderá trazer uma página 3 sem constrangimentos, outros sinais indicam que se trata do Murdoch de sempre.

Ele volta a usar, por exemplo, o poder de fogo da News Corp. para cortar pela metade o preço de capa, que era de uma libra no "News of the World". A decisão levou os concorrentes diretos, "Sunday Mirror" e "Daily Star Sunday", a também cortar os preços pela metade.

Mas a consultoria Enders Analysis avalia que o "Sun on Sunday" não deve repetir a circulação do anterior, devido ao próprio declínio dos jornais dominicais. O êxito maior seria junto aos anunciantes. Já na quinta, Murdoch comemorava: "Estamos completamente esgotados para publicidade!".

Outro sinal de que se trata do Murdoch de sempre é que ele busca reconstruir laços políticos. Convidou um representante trabalhista para ser colunista, mas ele recusou diante da reação do partido.

Mais significativamente, o magnata aproximou-se do Partido Nacional Escocês, de centro-esquerda, com elogios ao primeiro-ministro Alex Salmond via Twitter, ao longo da semana.

Afirmou ser "claramente o político mais brilhante no Reino Unido", em comparação direta com o primeiro-ministro David Cameron, e apoiou sua campanha por independência: "Deixem a Escócia ir e competir. Todos ganhariam". Na edição escocesa do "Sun on Sunday", um artigo de Salmond, saudando o tabloide.