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Coreia do Norte anuncia moratória nuclear

País se compromete a suspender testes atômicos e permitir visita de inspetores em troca de ajuda alimentar dos EUA

É o 1º acordo desde que Kim Jong-un assumiu; 3 tentativas anteriores de suspender programa nuclear fracassaram

KCNA - 26.fev.2012/Efe
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un (com binóculo), inspeciona unidades militares na fronteira com a Coreia do Sul
O ditador norte-coreano, Kim Jong-un (com binóculo), inspeciona unidades militares na fronteira com a Coreia do Sul

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Em troca de alimentos, a Coreia do Norte se comprometeu a abrir seu principal complexo nuclear para inspetores internacionais e a suspender testes de armas nucleares e enriquecimento de urânio.

A moratória do programa nuclear norte-coreano é resultado da primeira reunião dos EUA com representantes do novo líder do país, Kim Jong-un, que substituiu o pai, Kim Jong-il, morto em dezembro. O encontro dos dois países foi realizado em Pequim na semana passada.

Washington se comprometeu a enviar 240 mil toneladas de alimentos para a Coreia do Norte, que é um dos países mais isolados do mundo e sofre crises cíclicas de abastecimento.

A ONU estimou que até 1 milhão de pessoas tenha morrido no país na década de 90, em uma das piores crises alimentares do século 20.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse ontem que o acordo é positivo, mas se trata apenas do "primeiro passo na direção correta".

"Os EUA ainda têm grandes preocupações. Mas, na ocasião da morte de Kim Jong-il, eu disse que é nossa esperança de que a nova liderança escolherá guiar seu país no caminho da paz, por meio do cumprimento de suas obrigações", afirmou Hillary no Senado.

Do lado norte-coreano, a agência oficial de notícias KCNA informou que ambos os países "afirmaram que é de interesse mútuo assegurar a paz e a estabilidade na Península Coreana, melhorar as relações e avançar com a desnuclearização por meio do diálogo e das negociações".

A inteligência americana diz que a Coreia do Norte tem combustível suficiente para fabricar até oito bombas, segundo o jornal "New York Times". O país havia proibido a visita de inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU, e fez testes nucleares em 2006 e 2009.

A agência nuclear das Nações Unidas classificou ontem o acordo como "importante passo adiante" e disse que está pronta para enviar inspetores ao país asiático.

O anúncio de ontem não incluiu uma data para a retomada das negociações sobre o programa nuclear pelo grupo de seis países -além da Coreia do Norte e EUA, participam China, Rússia, Japão e Coreia do Sul. A última reunião foi realizada há quase quatro anos, no final de 2008.

CETICISMO

Desde que a Coreia do Norte aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear, em 1985, o país fez três acordos para suspender seu programa nuclear, que acabaram fracassando -em geral, devido a desentendimentos com os EUA. O novo acordo é o primeiro desde que Kim Jong-un assumiu o poder.

"A dança da desnuclearização recomeçou", afirmou Aidan Foster-Carter, especialista em Península Coreana da Universidade Leeds, em artigo publicado pela BBC.

Ele diz que o acordo é positivo, mas ressaltou que no último sábado a Coreia do Norte ameaçou EUA e Seul com uma "guerra santa" por causa da realização de manobras militares conjuntas.

"Portanto, estamos apenas especulando, e a prova do pudim, como sempre, será enquanto se come. Mas essa surpresa de Pyongyang tem de ser uma boa notícia. Quão boa, apenas o tempo dirá", concluiu Foster-Carter.

Com agências de notícias

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