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Putin deve vencer na Rússia, apesar de onda de protestos

Premiê, que deixou Presidência em 2008, é favorito para terceiro mandato

Manifestações recentes contra corrupção, crise econômica e o viés autoritário do governo não abalam favoritismo

Denis Sinyakov/Reuters
Em ato anti-Putin, mulher ergue cartaz que diz "espero mudanças"
Em ato anti-Putin, mulher ergue cartaz que diz "espero mudanças"

RODRIGO RUSSO
ENVIADO ESPECIAL A MOSCOU

A Rússia elege hoje seu presidente pelos próximos seis anos. Vladimir Putin, que se tornou premiê em 2008, após dois mandatos consecutivos como presidente, é o favorito, embora também seja o alvo de recentes protestos.

Putin e seu modo autoritário de conduzir a Rússia são os temas centrais do pleito, que ocorre três meses após eleições parlamentares cercadas por suspeitas de fraude que originaram mobilizações de vulto inédito desde o fim da União Soviética (1991).

Há outros quatro candidatos, mas Grigory Yavlinsky, do partido liberal Yabloko, visto por analistas como o único político com real apoio dos insatisfeitos, foi desautorizado a seguir no pleito por suposta irregularidade nas assinaturas necessárias para a qualificação da candidatura.

O segundo colocado nas pesquisas, mas bastante distante de Putin, é Gennady Zyuganov, líder do Partido Comunista. A expectativa é que Putin consiga se eleger no primeiro turno, com mais da metade dos votos.

Um segundo turno indicaria fragilidade do regime, que controla a Rússia há 12 anos.

Putin, 59, ex-agente da KGB (serviço secreto soviético), chegou ao poder no fim de 1999. Venceu as eleições de 2000 e de 2004 -a última com mais de 70% dos votos.

Com o terceiro mandato consecutivo proibido pela Constituição russa, indicou Dmitri Medvedev como seu candidato às eleições de 2008. Ele venceu com folga.

Pelas regras eleitorais do país, o presidente nomeia o premiê: Medvedev indicou Putin ao posto. Putin disse que, se eleito, indicará Medvedev para premiê.

CORRUPÇÃO E ABUSO

O centro de estudos britânico Chatham House, em relatório intitulado "Putin de Novo", observa que sua gestão é marcada por militarismo crescente, tentativas de modernização da economia com base em modelos ocidentais e ausência de responsabilização do Estado. Corrupção e abuso de autoridade tornaram-se recorrentes.

O texto diz que a estabilidade da Rússia corre risco nos próximos anos e que as eleições parlamentares e presidenciais marcam o início do fim do regime de Putin. A avaliação é de que nova onda de protestos será inevitável.

Em resposta aos protestos contra ele, Putin convocou manifestações a seu favor. A imprensa local denunciou pagamento aos "apoiadores" e convocação de funcionários públicos a participar.

Gleb Tsipursky, professor da Universidade do Estado de Ohio (EUA) e especialista em juventude soviética, disse à Folha que a mobilização da organização jovem pró-Putin (Nashi) para estas eleições tem "paralelos explícitos com atos da Liga Comunista da Juventude para assegurar resultados 'apropriados' das eleições no período soviético".

Para Marco Vicenzino, analista de risco geopolítico, lidar com a insatisfação de uma classe média surgida em seu governo levou Putin a campanha mais agressiva.

"Putin teve que chegar a um meio-termo entre reconhecer os sérios problemas locais, como a corrupção, e uma retórica nacionalista, de forte apelo entre as massas."

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