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Análise

Reação de líder aos protestos é teste para a próxima gestão

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma das dúvidas colocadas com a previsível eleição de Vladimir Putin era o quão repressiva seria sua reação, uma vez ungido presidente, aos protestos da oposição.

O primeiro teste ocorreu ontem, no ato autorizado na praça Pushkin e nos protestos menores em outros pontos de Moscou e de São Petersburgo.

Naturalmente, o que chegou ao Ocidente foram as imagens fortes de ativistas sendo arrastados para furgões da temida Omon, a polícia de choque. O Putin linha-dura estava de volta, apressaram-se sites.

Mas cabe lembrar que, para as tradições políticas russas, apenas o fato de o protesto ter sido autorizado já atenua o tom plúmbeo da composição. É pouco, claro. Mas nos anos iniciais da era Putin não havia nem isso.

O embate de ontem também sugere um certo esvaziamento do ímpeto dos manifestantes, que levaram 100 mil em seu maior ato neste ano na capital russa, quando a memória da megafraude do pleito parlamentar de dezembro estava fresca.

Primeiro, porque aparentemente o problema desta eleição foi mais de falta de competição do que de fraude em si. E se o sistema político russo direcionou o pleito, também é fato que a oposição aglutinada em torno de temas de classe média não produziu liderança viável.

Há também sinais de compartimentagem da oposição, visíveis na detenção dos membros mais exaltados do proscrito Partido Nacional Bolchevique. Radicais sem eco real na sociedade, eles tendem ao isolamento.

Isso não significa moleza para Putin. Está claro que a insatisfação veio para ficar, e será o seu fôlego que determinará o equilíbrio entre alguma liberalização política e os cassetetes da Omon.

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