Campanha apelativa afasta moderados

O arrastar da disputa pela candidatura republicana à Presidência, a troca de acusações pessoais entre os aspirantes e a polarização do Congresso nos últimos meses estão alienando os moderados da oposição nos EUA.

A voz mais proeminente tem sido a do ex-candidato do partido à Presidência em 2008, senador John McCain.

"[Acompanhar] essas primárias é como assistir a uma tragédia grega", disse ele ao jornal "Boston Globe".

"A campanha negativa e os ataques pessoais deveriam ter acabado. A utilidade dos debates acabou, estão só trocando golpes baratos e ataques via 'superPAC'."

Novidade nesta eleição presidencial, os "superPACs" -grupos sem laço oficial com a campanha e que passam, assim, ao largo da lei eleitoral, têm bancado comerciais negativos contras os candidato com quem rivalizam.

Campanha desse tipo foi tida como a razão para o ex-governador de Massachusetts Mitt Romney ter subtraído a vantagem, no cobiçado Estado de Ohio, do ultraconservador Rick Santorum -que por sua vez chama Romneyde "desqualificado".

Além da campanha, há a polarização no Legislativo, que levou a veterana senadora republicana Olympia Snowe, 33 anos de Congresso, a desistir da reeleição.

Parte do acirramento foi estimulado pela ascensão do movimento conservador Tea Party, que sacudiu a oposição. Mas a exacerbação veio do alto número de debates.

O ex-governador da Flórida Jeb Bush, outra estrela do partido, disse recentemente que ao assistir os confrontos se incomodava em ver os colegas "apelando às emoções e medos das pessoas em vez de olhar para o cenário de uma perspectiva ampla".

"A campanha e os debates são bem mais negativos neste ano, e a regra do [ex-presidente Ronald] Reagan, 'um republicano nunca deve falar mal de outro', caiu", disse à Folha Herbert Weisberg, cientista político da Universidade Estadual de Ohio.

"Estão se atacando de forma tão virulenta que quem for escolhido terá trabalho na eleição presidencial."