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China sinaliza fim da valorização do yuan

PC chinês discute assunto após deficit comercial de fevereiro; moeda vem registrando lenta apreciação ante o dólar

Se adotada, medida deverá alimentar as acusações de que país manipula o câmbio para baratear produtos

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

Dois dias depois de anunciar o maior deficit comercial mensal nos últimos 14 anos, a China sinalizou ontem que vai interromper a lenta valorização da sua moeda nacional, o yuan.

Se adotada, a medida deverá alimentar ainda mais acusações de de que o maior país exportador do mundo manipula o câmbio para baratear seus produtos.

Dados divulgados no sábado registraram um deficit comercial de US$ 31,5 bilhões em fevereiro, o pior resultado desde 1998. Nos dois primeiros meses do ano, a China acumula um deficit de US$ 4,2 bilhões -em janeiro, houve um superavit de US$ 27,3 bilhões.

"Esse deficit comercial é um sinal positivo de que a taxa de câmbio do yuan está próxima do seu nível de equilíbrio", disse Yi Gang, vice-presidente do banco central, na sessão legislativa do Partido Comunista.

Já o presidente do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, adotou um tom mais cauteloso. Também durante a sessão legislativa, ele afirmou ontem que o yuan está cada vez mais suscetível às flutuações do mercado e que ainda é cedo para saber o comportamento do comércio exterior neste ano.

"Precisamos de um período mais longo de tempo para ver se o comércio exterior chinês estará equilibrado ou não neste ano", disse Zhou.

O yuan vem registrando uma lenta apreciação com relação ao dólar -a quem é atrelado na prática- desde 2006. No ano passado, a valorização foi de 5%, mas sofreu pouca variação nos últimos meses.

CRÍTICAS MODERADAS

Apesar de ver nos produtos chineses uma das principais ameaças à indústria nacional, o governo brasileiro vem fazendo críticas moderadas à política cambial do parceiro de Brics (bloco de países emergentes, formado ainda por Rússia, Índia e África do Sul).

O alvo preferido do governo Dilma Rousseff tem sido os países ricos, acusados de promover um "tsunami monetário" por meio da injeção de capital nos mercados, levando a uma excessiva valorização do real.

Essa moderação passa longe das críticas americanas. Nos EUA, a China já é um dos principais temas da campanha presidencial.

Por exemplo, o pré-candidato republicano Mitt Romney, que vem liderando as prévias de seu partido, prometeu declarar Pequim "manipulador cambial" no primeiro dia de governo, caso consiga se eleger presidente.

Do lado democrata, o presidente Barack Obama, que tenta a reeleição, anunciou em janeiro, durante o seu discurso do Estado da União, a criação de uma agência para investigar práticas comerciais desleais. O único país citado por Obama foi a China.

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