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Coreia do Norte lançará foguete em abril

Ditadura faz o anúncio menos de um mês após se comprometer com a suspensão de testes militares em troca de comida

Pyongyang alega que objetivo é pôr satélite em órbita; EUA criticam e podem sustar acordo para envio de alimentos

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pouco mais de duas semanas depois de, em troca de alimentos, anunciar moratória dos seus testes nucleares, a Coreia do Norte informou que lançará um foguete de longo alcance em abril, como parte das comemorações do centenário do fundador do país, Kim Il-sung (1912-1994).

Embora o governo norte-coreano diga que a intenção é pacífica -pôr um satélite em órbita-, o novo anúncio causou reação imediata da Coreia do Sul e dos EUA, que veem no lançamento um teste de mísseis "disfarçado" para driblar sanções e ameaçam sustar o acordo alimentar.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, chamou de "altamente provocativa" a atitude da Coreia do Norte. Segundo o Departamento de Estado, nas negociações com o país, os EUA deixaram claro que qualquer lançamento de satélite seria visto como quebra de acordo.

No último dia de fevereiro, os norte-coreanos haviam se comprometido a suspender testes de armas e enriquecimento de urânio e a abrir seu principal complexo nuclear à inspeção internacional, em troca de 240 mil toneladas de comida que seriam enviadas ao país por Washington.

Sob ditadura comunista desde 1948, a Coreia do Norte é uma das nações mais isoladas do mundo e sofre com crises de abastecimento. A ONU estima que, nos anos 90, 1 milhão de pessoas tenham morrido de fome no país de 24,6 milhões de habitantes.

Outros países reagiram negativamente ao anúncio da Coreia do Norte. Em comunicado, a Chancelaria da Rússia pediu que Pyongyang "não se colocasse contra a comunidade internacional", e o Ministério das Relações Exteriores do Japão apontou riscos à estabilidade na Ásia.

EXIBIÇÃO DE FORÇA

Segundo um porta-voz do comitê espacial norte-coreano, o satélite será lançado entre 12 e 16 de abril -o centenário de Kim Il-sung (avô do atual ditador, Kim Jong-un) é no dia 15. O regime diz que o objetivo é científico e que o lançamento será de acordo com normas internacionais.

Para analistas, o objetivo do anúncio é demonstrar o poderio militar da Coreia do Norte e reforçar, para o público interno, a liderança de Jong-un (que assumiu o posto após a morte do pai, Kim Jong-il, em dezembro), mesmo à custa de fazer o acordo alimentar ir por água abaixo.

Daniel Pinkston, do International Crisis Group, avalia que a ideia é justamente provocar tensões para que, dentro do país, Jong-un apareça como líder capaz de enfrentar forças externas hostis.

Especialistas estimam que a Coreia do Norte tenha material suficiente para produzir oito bombas atômicas rudimentares. O país proibiu as visitas de inspetores da agência atômica da ONU e fez testes nucleares em 2006 e 2009, o que resultou em sanções por parte das Nações Unidas.

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