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Análise

Fator religioso afeta coesão de base opositora americana

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A religiosidade dos candidatos se tornou tema relevante de campanhas presidenciais dos Estados Unidos em 1960, quando pela primeira vez um dos dois grandes partidos (o Democrata) escolheu um não protestante (o católico John Kennedy) para liderar sua chapa.

Kennedy fez um famoso discurso sobre sua fé e como ele a manteria afastada das decisões públicas se fosse eleito, ganhou o pleito e só no século seguinte a questão religiosa voltou a ter significação eleitoral.

Ela foi especialmente importante, a ponto de alguns analistas a terem classificado como decisiva em 2004, momento em que a grande mobilização de grupos evangélicos ajudou bastante a levar eleitores às urnas para votar em George W. Bush, um "renascido", contra o católico John Kerry.

MÓRMON OU CATÓLICO

Em 2012, pela primeira vez o Partido Republicano não terá como seu candidato um integrante de denominação protestante "estabelecida".

Ele será ou o mórmon Mitt Romney, o favorito, ou o católico Rick Santorum ou o recém-católico Newt Gingrich, antes luterano, depois batista (convertido em 2009).

Esse é um dos problemas dos republicanos para derrotar Barack Obama. Os evangélicos são um de seus grupos mais poderosos de militância e entre eles ocorre a maior resistência à denominação mórmon.

Teologicamente, muitos evangélicos dizem que os mórmons negam a divindade de Jesus, embora a doutrina mórmon não diga isso.

Entre o público em geral nos EUA, 86% dizem não ter certeza se os mórmons aceitam a poligamia, embora essa prática tenha sido proibida pela igreja em 1890.

DIREITA RELIGIOSA

A direita religiosa em geral não se entusiasma com Romney. Ela tem votado nas primárias do Partido Republicano em Santorum, que -apesar de católico- defende muitos princípios políticos e morais dos evangélicos.

Mas Santorum está perdendo os votos dos seus companheiros de igreja: muitos católicos republicanos o consideram radical demais. Os católicos nos EUA são 24% da população, e os protestantes são 51%.

Barack Obama converteu-se já adulto ao cristianismo numa igreja de pequena denominação protestante.

Em 2008, muitos afirmavam que ele é muçulmano e até agora uma boa porcentagem dos americanos acredita nisso. Seguramente, ele não contará com a simpatia de nenhum grupo religioso expressivo.

Mesmo os católicos moderados estão furiosos com ele devido à política de garantir que o seguro-saúde dos empregadores dê a suas funcionárias cobertura para serviços e produtos de contracepção, inclusive nos casos em que ele for uma instituição mantida por uma igreja.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa" e autor de "Correspondente Internacional" (Contexto)

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