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Análise

Caso atiça ódio ao imigrante e deve favorecer Sarkozy

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE SÃO PAULO

Muitos países europeus, e a França em particular, vivem um difícil equilíbrio entre a tolerância e o ódio ao imigrante e seus descendentes.

Em momentos de crise econômica, como a atual, eles são os que roubam os empregos da "maioria nacional".

Em casos de violência, como o assassinato das crianças e do rabino na escola de Toulouse, se o imigrante for muçulmano, será visto imediatamente como o inimigo que mora ao lado e que deve ser combatido.

A França tem a maior população muçulmana de toda a Europa. São mais de 6 milhões de pessoas, ou 10% dos habitantes do país.

Quando partidos de extrema direita querem disseminar o pavor, lançam mão de projeções que afirmam que eles serão maioria na segunda metade deste século.

É obvio que o tema acabaria afetando a campanha para a eleição presidencial que acontece no mês que vem.

O presidente Nicolas Sarkozy, que tenta a reeleição, disse que não é hora de dividir o país ou de revanche, mas de união.

Em seu partido, a ordem é ficar em silêncio sobre migração e questões religiosas.

Sarkozy deixou o discurso inflamado para Marine Le Pen, do ultradireitista Frente Nacional.

Segundo ela, o ataque em Toulouse mostra que a França subestimou a ameaça dos grupos fundamentalistas islâmicos e que é hora de uma guerra contra eles.

Le Pen está em terceiro nas pesquisas de intenção de voto e aposta no medo para avançar ao segundo turno.

Apesar do ataque direto ao governo, seu discurso, e o atentado, tendem a causar mais problemas para o socialista François Hollande, que lidera a corrida presidencial.

Hollande é visto como menos capaz que Sarkozy para enfrentar problemas de segurança, além de os socialistas serem tradicionalmente menos rígidos com a imigração.

Já o atual presidente deve se beneficiar. Fez questão de mostrar liderança no caso e deu sorte de a polícia identificar e cercar o terrorista menos de 72 horas depois das mortes na escola.

A poucos dias do pleito, Sarkozy teve publicidade gratuita ao aparecer para milhões de pessoas que acompanharam o cerco pela TV.

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