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Sob Obama, relação entre EUA e AL tem pouco avanço

Cenário deve ficar igual no futuro, dizem analistas

DE SÃO PAULO

As relações entre EUA e a América Latina pouco avançaram durante o governo de Barack Obama e é pouco provável que essa situação mude nos próximos anos, seja em um segundo mandato do democrata, seja em uma administração republicana.

"Existem tantas questões, relações, problemas [globais] que nenhum governo americano vai prestar mais atenção à América Latina do que costuma historicamente", afirmou o professor Abraham Lowenthal, da Universidade do Sul da Califórnia, em evento realizado anteontem no auditório da Folha.

Nesse cenário, para Lowenthal, que diz ser um otimista, o importante é priorizar a qualidade das relações com os Estados Unidos, e não a quantidade. Para ele, essa qualidade depende de os lados se informarem mais, não ficarem restritos a clichês.

Visão semelhante foi apresentada no debate pelo jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, editor da revista "Política Externa".

"Não vai mudar não porque ele [Obama] não queira, não porque seja mau ou esteja traindo seus ideais, mas sim porque não dá para mudar tanto", disse o jornalista, ressaltando o papel da burocracia no governo dos EUA como empecilho para o avanço das relações com a região.

"Qualquer Estado é emperrado. Acostuma com determinadas atitudes, comportamentos, e é muito difícil fazer que essa maquinaria mude de comportamento e, principalmente, de direção."

Já Tullo Vigevani, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista), afirma que as relações não mudam porque os EUA não veem percepções de risco importantes na América Latina, com exceção da Venezuela.

Para Vigevani, só vão ocorrer mudanças se a "agenda negativa se agravar", com o recrudescimento da violência e do narcotráfico ou a chegada ao poder de governos antiamericanos.

Lowenthal chama atenção ainda para o fato de hoje, ao contrário dos anos 50, muitas empresas americanas terem mais relevância para a região que órgãos dos EUA como CIA e Pentágono.

"A [agência] Moody's e o Fórum Econômico Mundial de Davos são muito mais importantes que agências do governo norte-americano. A Microsoft é mais importante que os marines dos EUA."

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