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Sociólogo critica a tese do benefício com a prática DE SÃO PAULOA pesquisa de Shortland, que mapeia os beneficiados pela pirataria somali, encontrou detratores na academia. "Discordo veementemente dessa afirmação", diz o sociólogo Christian Bueger, da Universidade Cardiff, referindo-se à ideia de que elites somalis não se opõem à pirataria por se beneficiarem dela. "Esse argumento é baseado exclusivamente na racionalidade econômica e não presta atenção na cultura." Bueger afirma que, apesar de haver entusiastas da prática na Somália, há também outras correntes que enxergam a pirataria como um mal. Entre as razões está a desordem pública trazida pelos corsários, incluindo consumo de álcool e violência. A pirataria é vista, ainda, como um "pecado" por lideranças religiosas, de bastante expressão política no país. "A cultura somali é 'orgulhosa'. Eles não gostam que a Somália seja exclusivamente associada com a pirataria." De fato, afirma o pesquisador, existe uma forte tradição de dividir os espólios entre as tribos locais. Porém "boa parte das famílias não aceitaria esse 'dinheiro sujo'". Bueger também contesta a conclusão de que há muitos beneficiados pela pirataria. Ele diz que são só "um punhado". Para ele, há todo o resto prejudicado, por exemplo, pela inflação trazida com o aumento da demanda. Shortland diz, em seu estudo, que a percepção a respeito do aumento do preço do arroz tem mais a ver com conjuntura externa do que com pirataria. Mas isso "se baseia em fraca evidência", contesta Bueger. "A maior parte dos dados aponta na direção oposta." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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