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Eleições EUA

Louisiana faz prévia de olho na economia

Nova Orleans, depois de boom na construção civil devido à recuperação pós-Katrina, vê total de empregos cair

Mais forte que rivais entre os eleitores de baixa renda, Rick Santorum é o favorito para vencer no Estado

VERENA FORNETTI
ENVIADA ESPECIAL A NOVA ORLEANS

"Essa é nossa escola", diz a aposentada Hilda Clark, 67, surpreendendo ao apontar para imenso terreno vazio no Baixo Distrito Nove, local pobre de Nova Orleans devastado pelo furacão Katrina.

A escola foi destruída e a reconstrução nunca começou a ser feita.

Embora a área receba projetos de revitalização, o boom que a cidade observou na construção civil perdeu força e o desemprego aumentou na Louisiana, que faz sua prévia republicana hoje.

A economia é o pano de fundo em uma disputa em que Rick Santorum é o favorito. O ex-senador se sai melhor entre eleitores de baixa renda que Mitt Romney, seu principal rival para a indicação do partido à eleição.

Em Nova Orleans, o número de trabalhadores empregados na construção caiu 20% em 2010 (último dado disponível) ante o ano anterior. Em todo o Estado, a queda foi de 10% no período.

Um ano depois da tragédia, o número de habitantes de Nova Orleans tinha recuado 55%. Mas, quando o esforço de reconstrução começou, trabalhadores de outros Estados e imigrantes chegaram para reparar os estragos. O desemprego caiu a 3,6%.

Em janeiro deste ano, a desocupação na Louisiana era de 6,9%. Mas a taxa ainda é inferior ao índice nacional, que está em 8,3%.

"A quantidade de trabalho diminuiu muito", diz o brasileiro Luiz Carlos Lima, 42, que chegou à cidade para trabalhar na construção logo após o Katrina. Ele reclama que o pagamento pelos serviços também recuou.

"Já baixei o preço de um serviço de US$ 5.000 para US$ 3.000 e não consegui fazer." Lima diz que a concorrência com hispânicos é desleal. "Eles querem mandar dinheiro para casa, e a moeda deles está menos valorizada que a nossa."

Outros setores da economia também se recuperaram. A população de Nova Orleans se recompôs -embora hoje seja 13% menor do que era-, o movimento de turistas foi retomado, e corporações, como a rede de farmácias Walgreens, investiram na cidade.

"Acho que 80% do movimento do comércio voltou", diz Antonia Sereno, 47, dona de um restaurante no centro.

CASAS DO BRAD PITT

No Baixo Distrito Nove, projeto capitaneado pelo ator Brad Pitt levantou casas "inteligentes" em cerca de dez lotes -que viraram atração para turistas.

As construções têm reservatórios para acumular água da chuva e arquitetura de vanguarda. Só pessoas que moravam no bairro podem comprar essas casas. O projeto ajuda as famílias a obter financiamento.

"A vizinhança está crescendo, embora as casas estejam espalhadas", diz Ann Parfaite, 70, que mora em uma das "casas do Brad Pitt". Ela viveu no lote em que a residência foi construída por 40 anos, até o Katrina. Há dois anos, comprou a casa do projeto por US$ 150 mil.

A aposentada Vera Fulton, 88, elogia a iniciativa, mas vê com ceticismo a reconstrução. "Não sei se isso aqui vai crescer. Não temos supermercado, banco e padaria. Fora essas casas, não vejo mais tantas construções por aqui."

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