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Análise

Fica claro que a igreja não quer ser 'barricada' para dissidentes

NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em audiência aos bispos cubanos, Bento 16 "pediu normal acesso" da Igreja Católica cubana aos meios de comunicação social. Deverá ser um dos temas de maior peso entre os "desafios que a igreja enfrenta em Cuba", segundo avalia sua cúpula.

O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, de certo modo confirmou-o em declarações feitas depois de encontrar-se com autoridades cubanas.

Elas prometeram, diz Bertone, "maior abertura para jornais, rádios e, em condições excepcionais, também para a TV", mas só para meios sob controle de católicos.

De certo modo, isso já está em curso: leigos do Episcopado de Havana editam o "Espacio Laical", no qual são publicadas informações que não saem nos meios sob controle do Partido Comunista. Mesmo assim, é fácil perceber que a abertura limitada é usada com extremo cuidado.

Quanto aos dissidentes, sobretudo os presos, Bento 16 deve limitar-se a pedir que eles possam receber assistência evangélica. Sobre direitos humanos, o Vaticano lembra o discurso do papa na ONU: "No contexto das relações internacionais, é preciso defender a liberdade humana" e impedir que se comprometa a "dignidade das pessoas".

O que o papa disse na ONU também vale para Cuba, é o que o Vaticano procura dizer. Fica claro que há um desejo eclesiástico de impedir que a visita se torne barricada dos dissidentes. O que resulta, já se vê, em profunda decepção para os leigos cubanos.

NEWTON CARLOS é analista de assuntos internacionais

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