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Judeus na Europa querem mais segurança

Assassinato de crianças na França na semana passada é visto como novo sinal de antissemitismo no continente

Na Espanha, 35% da população afirma ser antissemita; judeus franceses começam a migrar para Israel

Christophe Ena/Associated Press
Com a cabeça coberta, Abdelkader Merah, irmão do atirador de Toulouse, é conduzido para quartel da polícia antiterror
Com a cabeça coberta, Abdelkader Merah, irmão do atirador de Toulouse, é conduzido para quartel da polícia antiterror

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE MADRI

O antissemitismo na Europa, sentimento que motivou judeus sionistas a pressionar pela criação do Estado de Israel após a Segunda Guerra, voltou a assustar as comunidades judaicas do continente depois do assassinato de um rabino e três crianças judias em Toulouse, na França, na semana passada.

Reunidos em torno de um alerta para todo o continente, judeus de países como Reino Unido, França, Espanha e Portugal pediram reforço de segurança e incentivo a programas de tolerância e combate ao antissemitismo pelos governos europeus.

"Foi um acontecimento bárbaro, mas nos fez lembrar que o antissemitismo não acabou na Europa", disse a vice-presidente da comunidade judaica em Portugal, Esther Mucznik. Seu país, segundo relatório do Parlamento alemão, é o mais antissemita da Europa Ocidental.

Na Espanha, onde 35% da população também se diz antissemita, uma promotoria de Justiça da Catalunha criou uma divisão só para investigar crimes ligados à discriminação ou ao ódio a judeus.

E na França, que tem a maior comunidade judaica na Europa Ocidental, judeus já falam em migrar para Israel -em ação similar ao apelo que fazia o movimento sionista do início do século 20.

"É desanimador ter que viver escondendo que somos judeus em plena Europa do século 21", disse o engenheiro francês Robert Sendel, que prepara mudança com a família de uma cidade no sul da França para Israel.

Pelas ruas de capitais como Londres, Madri, Lisboa e Paris, é comum ver pichações em muros e prédios contra o governo de Israel e os judeus e até desenhos da suástica.

Na capital espanhola, essas manifestações tornaram-se mais frequentes após a Guerra do Iraque, que a sociedade rechaçou fortemente por conta do ataque da Al Qaeda em Madri em 2004, em que 191 pessoas morreram.

Embora tenha suscitado o ódio ao islã, o episódio reavivou o rechaço ao judaísmo. "Há um antissemitismo cultural na sociedade espanhola que, nos últimos anos, ganhou um 'plus' de violência", disse o rabino Jai Anguita.

A Associação de Segurança Comunitária do Reino Unido, entidade que representa e instrui judeus em casos de antissemitismo, registrou no ano passado 593 episódios de violência ou ameaça contra comunidades judaicas.

O que preocupa a associação é que o número de episódios foi similar ao de anos em que situações como a Guerra do Iraque, conflitos na faixa de Gaza ou a segunda intifada (revolta palestina) foram usadas como explicação para o aumento de ocorrências de caráter antissemita.

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