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Papa 'suplica' à Virgem por presos de Cuba Pelo segundo dia seguido, Bento 16 fez declaração sem mencionar especificamente os detidos políticos do regime "Não haverá mudanças políticas em Cuba", reage vice-presidente Marino Murillo, o "czar das reformas"
ENVIADA ESPECIAL A HAVANA Em seu segundo dia de visita a Cuba, o papa Bento 16 voltou a pedir pelos prisioneiros da ilha, enquanto opositores continuavam acusando o governo comunista de restringir telefones e de promover detenções arbitrárias. "Supliquei à Virgem Santíssima pelas necessidades dos que sofrem, dos que estão privados de liberdade, separados de seus entes queridos ou que passam por graves momentos de dificuldade", disse o papa. O pontífice fez as declarações após visitar em Cobre, a cerca de 900 km de Havana, a imagem da Virgem da Caridade, padroeira de Cuba. Ao desembarcar anteontem em Santiago de Cuba, o papa havia dito que endossava as "aspirações justas e legítimas" de presos e suas famílias, entre outras categorias, como jovens e anciãos. Nas duas ocasiões, Bento 16 não se referiu a prisioneiros políticos, mas os chamados à "abertura e à renovação" em Cuba agradaram aos dissidentes. "Ele nos levou em conta, não disse a palavra como tal, mas se dirigiu a nós. Também falou de mudanças, de união", interpretou a ativista Yvonne Malleza, 35, do grupo Damas de Branco. Já o governo comentou as declarações do papa numa inusual entrevista coletiva com a imprensa estrangeira. O vice-presidente Marino Murillo, o chamado "czar das reformas" e um dos nomes em ascensão sob Raúl, disse que a ilha está aberta e aceitará ajuda para renovar-se no campo econômico, mas foi taxativo: "Não haverá mudanças políticas em Cuba". BLOQUEIO A ativista Malleza falou com a Folha ontem por telefone fixo e, como outros dissidentes, acusou o governo de bloquear seu celular. "Eles querem impedir que falemos entre nós e com o mundo", disse ela, libertada em janeiro após ficar 52 dias presa por protestar contra o governo -a Anistia Internacional cita o caso dela em informe lançado na semana passada para criticar o recrudescimento da repressão. Malleza conta que a detenção ocorreu depois que, com ajuda de dois ativistas, abriu em uma praça um lençol-cartaz com os dizeres: "Basta de mentiras e enganos". Hoje, durante a missa que o papa rezará na emblemática praça da Revolução em Havana, Malleza e suas companheiras prometem não gritar palavras de ordem. O grupo anunciou publicamente e via Twitter um ponto de encontro nas proximidades da praça para atrair cobertura da mídia. Segundo grupos de dissidentes, ao menos 150 opositores foram detidos arbitrariamente desde sábado. À noite, o papa se reuniu por 55 minutos, a portas fechadas, com o ditador Raúl Castro, em Havana. O teor da conversa não foi divulgado. Não estavam confirmados encontros de Bento 16 com Fidel Castro nem com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que está na capital cubana para se tratar de um câncer. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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