Espanha adota cortes mais duros no Orçamento

Um dia depois da greve geral que reuniu 800 mil manifestantes pelo país, o governo espanhol anunciou o seu novo pacote de austeridade, agora de € 27 bilhões, com aumento de impostos e cortes de gastos públicos.

A economia representa 2,5% do Orçamento espanhol para este ano e já inclui os € 15 bilhões do pacote anunciado no fim do ano passado, logo depois que o governo de Mariano Rajoy tomou posse.

Os esforços foram chamados de "a maior consolidação fiscal da democracia [espanhola, desde 1975]" pelo ministro Cristóbal Montoro (Fazenda) e visam derrubar o deficit para 5,3% do PIB neste ano, ante 8,5% em 2011.

Entre as medidas anunciadas ontem, a mais polêmica é que concede anistia fiscal para o retorno de dinheiro não declarado que esteja em paraísos fiscais (ou até mesmo na Espanha).

Esse dinheiro não vai ter que pagar tributos atrasados, só uma taxa única, de 10%, e, com isso, o governo espera arrecadar € 2,5 bilhões.

A mesma ideia, quando especulada dois anos atrás, foi criticada por Rajoy, então líder da oposição.

Outro ponto do pacote prevê cortes, em média, de 17% nos orçamentos dos ministérios, ainda mais duros do que se esperava: três dias antes, o premiê espanhol disse que a redução seria de 15%.

Apesar dos novos cortes, o pacote foi recebido com ceticismo por muitos analistas.

Alguns dizem que a projeção para a arrecadação neste ano é excessivamente otimista, o que pode exigir mais cortes para atingir a meta do deficit de 5,3% -que foi aliviada pelas autoridades europeias depois que as contas públicas em 2011 foram piores do que o esperado.

Mas ontem, pelo menos, o plano foi bem aceito nos mercados. Os investidores exigiram retorno menor para comprar os títulos espanhóis de 30 anos (ainda que permaneça alto, acima de 5%), e a Bolsa de Madri subiu 1,23%.