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Análise Valor total de recursos parece alto, mas pode ser insuficiente Após momento de tranquilidade decorrente das injeções de liquidez do BCE, pressões voltam a países como Espanha e Itália REGINALDO PINTONOGUEIRA JUNIOR ESPECIAL PARA A FOLHA A crise financeira da Europa já se arrasta por dois anos e, após um interregno de tranquilidade decorrente das injeções de liquidez conduzidas pelo Banco Central Europeu, as pressões retornam a países como Espanha e Itália, que observam novos aumentos dos "spreads" cobrados sobre seus títulos de dívida. Nesse contexto, líderes da zona do euro chegaram a um acordo que eleva o volume total de recursos do Mecanismo Europeu de Estabilidade para cerca de € 700 bilhões. Embora em princípio o volume pareça alto, na prática ele pode ser insuficiente para alterar de maneira significativa a dinâmica da crise europeia, especialmente no caso da Espanha. Em primeiro lugar cabe destacar que, do total dos recursos anunciados, apenas € 500 bilhões estão associados a potenciais novos empréstimos, uma vez que boa parte dos recursos já está sob uso em ajuda para países como a Grécia. Além disso, o volume total de recursos deve ser reduzido até a metade do próximo ano. Por isso mesmo, há grande pressão sobre o FMI (Fundo Monetário Internacional) para disponibilizar contribuições adicionais, de até € 150 bilhões, o que ainda não está garantido. Ainda há dúvidas a respeito de esses recursos serem suficientes para equacionar problemas em países como Itália e Espanha, caso sejam necessárias transferências próximas àquelas feitas para estabilizar os mercados em Portugal, Grécia e Irlanda. Para tanto, acredita-se que o valor necessário deveria exceder € 1 trilhão. AUMENTO DE IMPOSTOS Para ter uma noção da gravidade da situação, no mesmo dia do anúncio do aumento dos recursos disponíveis ao fundo, o governo espanhol apresentou a adoção de um ajuste fiscal adicional totalizando € 27 bilhões, composto por aumentos de impostos e cortes de gastos. Com isso, espera-se que o deficit fiscal daquele país se aproxime em 2012 do valor acertado com Bruxelas, de 5,3% do PIB. Todavia, ainda não há garantias de que esse número seja alcançado, e medidas de austeridade adicionais podem ser necessárias ao longo do ano. REGINALDO PINTO NOGUEIRA JUNIOR é professor de economia internacional e coordenador do curso de relações internacionais do Ibmec Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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