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Juiz é objeto de controvérsia à esquerda e à direita

ENVIADA ESPECIAL A MADRI

"Vão se acabar as 'garzonadas'", disse María Teresa Fernández de la Vega, então vice-primeira-ministra do país, integrante do socialista PSOE, em 2008.

Os críticos de Baltasar Garzón não representam apenas o pensamento de direita do país. Entre os juízes que o condenaram, por exemplo, estavam tanto progressistas como conservadores.

Setores da esquerda se mostram incomodados com o fato de ele ter usufruído da fama internacional que ganhou depois do caso Pinochet. Seu comportamento midiático não se encaixaria no perfil de um magistrado.

"Garzón virou uma marca famosa. Isso gera ciúmes", diz a professora Fanny Rubio, amiga de Garzón.

Já os críticos de direita reforçam que a condenação é justa, pelos erros técnicos que cometeu Garzón e por ele ter querido questionar a Lei da Anistia, algo que dependeria de uma mudança que passa pelo Legislativo.

"Ele não era mais um juiz, e, sim, um justiceiro", diz Carmelo Jordá, blogueiro e articulista do site conservador Libertad Digital.

Entre os equívocos técnicos que seus opositores apontam, estão o fato de apresentar causas de modo muito amplo e o de não guardar sigilo, o que poderia levar à anulação delas.

"No caso Pinochet, sua solicitação não tinha as especificidades exigidas. A Câmara dos Lordes ajustou tudo; se não fosse a Justiça britânica, o processo não teria seguido. No caso do franquismo, foi a mesma coisa", afirma o ensaísta e filósofo Gabriel Albiac, um de seus críticos mais ferrenhos, autor de vários artigos que expuseram falhas na atuação do juiz.

Filho de um militante republicano, Albiac nega que Garzón represente as reclamações dos familiares de vítimas da ditadura franquista.

"Já passou muito tempo e devemos olhar para a frente. Não há o que condenar. O franquismo agora é tema para historiadores, não juízes."

No PSOE, muitos não o perdoam por ter saído do governo do premiê Felipe González e, imediatamente, retomado uma causa que prejudicava o partido. A investigação do caso GAL levou à prisão membros do governo socialista, envolvidos em combate paralelo à guerrilha ETA.

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