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Com ajuda do Brasil, Farc liberam 10 reféns

Seis policiais e quatro militares sequestrados por guerrilha colombiana foram entregues a missão humanitária

Grupo diz serem últimos reféns políticos; há ainda centenas de civis sequestrados em troca de resgate em dinheiro

Fernando Vergara/Associated Press
Acompanhado por médicos, o sargento do Exército colombiano Luis Alfredo Moreno comemora a sua libertação pelas Farc agitando bandeira do país
Acompanhado por médicos, o sargento do Exército colombiano Luis Alfredo Moreno comemora a sua libertação pelas Farc agitando bandeira do país

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) entregaram ontem a uma missão humanitária seis policiais e quatro militares sequestrados há mais de dez anos, que seriam os últimos reféns políticos da guerrilha.

O grupo foi recebido por familiares no aeroporto de Villavicencio (a 110 km de Bogotá). Desembarcaram fazendo sinais de vitória e acompanhados por médicos. Depois, foram levados à capital, onde passaram por uma avaliação.

"Conseguimos isso por meio do diálogo, sem derramar uma gota de sangue. É o reconhecimento de que o que a Colômbia mais quer é a paz", disse a ex-senadora Piedad Córdoba, da ONG Colombianos e Colombianas pela Paz, que negociou as liberações.

Os reféns foram entregues próximo à aldeia de Mocuare, na fronteira entre os departamentos (Estados) de Guaviare e Meta, no sudeste colombiano. A missão utilizou um dos dois helicópteros cedidos pelo Brasil, operado por militares brasileiros.

Segundo Córdoba, os guerrilheiros foram muito "impontuais" -atrasaram em quatro horas o resgate, que já havia sido adiado por duas horas por conta do mau tempo.

"Houve momentos muito críticos, porque não sabíamos se eles viriam ou não", disse. No entanto, as Farc trouxeram todos os reféns de uma só vez. A operação levou, no total, mais de sete horas.

"Hoje termina a agonia para estas famílias e isso nos enche de satisfação", disse Jordi Raich, chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha na Colômbia, grupo que organizou a ação.

Em fevereiro, as Farc anunciaram o fim dos sequestros de civis e a soltura do grupo entregue ontem e relançaram ao governo oferta para retomar as negociações de paz.

A proposta, contudo, foi recebida com cautela pelo presidente Juan Manuel Santos, que tem repetido que o fim dos sequestros é um "passo importante" para iniciar as conversas com a guerrilha, mas "não é suficiente".

O governo exige que a guerrilha mais antiga do continente, ativa desde os anos 60, abandone as armas e renuncie ao recrutamento de menores e ao narcotráfico.

Mesmo debilitadas, as Farc resistem a aceitar as condições. Com efetivo reduzido pela metade -estima-se que sejam 9.000 homens-, tem optado por planejar ataques contra forças de segurança.

Com as liberações de ontem, ativistas dizem que a meta agora é trabalhar para que um número indefinido de reféns civis ainda em poder da guerrilha não seja esquecido.

"Não podemos esquecer que ainda há centenas de pessoas cativas que o grupo deve liberar se realmente pretende que a sociedade colombiana confie em seu anúncio de abandonar o sequestro como arma de guerra", diz Olga Gómez, diretora da ONG Fundação País Livre.

Segundo a entidade, haveria 405 cativos na selva, à espera de pagamento de resgate.

É a quarta vez desde 2009 que o Brasil auxilia no traslado de reféns unilateralmente libertados pelas Farc.

O país colocou à disposição da Cruz Vermelha dois helicópteros do Exército, com capacidade para até 24 pessoas cada um. O governo também enviou um avião cargueiro e equipe de mecânicos.

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