Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Síria ignora pressão da ONU por cessar-fogo

Ditadura ataca áreas residenciais perto da capital no mesmo dia em que Kofi Annan fixa prazo para fim da violência

Ativistas descrevem uso de tanques e escudos humanos; necessidade de ajuda humanitária cresce, diz Ban Ki-moon

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

No mesmo dia em que a ONU fixou um prazo para o cessar-fogo na Síria, as forças do ditador Bashar Assad lançaram pesados ataques contra áreas residenciais nos arredores da capital, Damasco, empregando tanques e atiradores no alto de prédios.

Os ataques reforçaram o ceticismo quanto ao cumprimento do acordo de cessar-fogo -apoiado pelos principais aliados da Síria, China e Rússia, e oficialmente aceito por Assad no fim de março. Segundo as Nações Unidas, a violência no país já matou mais de 9.000 em um ano.

Falando de Genebra (Suíça), por videoconferência, à Assembleia Geral da ONU, o ex-secretário-geral Kofi Annan estabeleceu a próxima quinta-feira, 12 de abril, como prazo final para que a ditadura e as forças rebeldes deponham as suas armas.

"Os comandantes do governo e da oposição têm de emitir instruções claras para que a mensagem [de cessar-fogo] chegue a todo o país, incluindo os guerrilheiros e soldados em nível local", disse Annan, que atua como enviado especial da ONU e da Liga Árabe para mediar o conflito.

O atual secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, afirmou à Assembleia Geral que, apesar de a Síria ter aceitado o plano de paz, a violência só tem recrudescido.

"Cidades e aldeias foram transformadas em zonas de guerra, e os direitos humanos do povo sírio continuam sendo violados. Além disso, a necessidade de ajuda humanitária está aumentando dramaticamente", declarou Ban.

O ministro da Defesa sírio, Dawoud Rajha, disse que o país está pronto a cooperar com o plano de Annan, "desde que ele ponha um fim aos crimes cometidos por grupos terroristas armados" -para analistas, Assad usará o "terrorismo" como justificativa para não cumprir o acordo.

O país também contestou os dados da ONU e disse que 6.143 pessoas morreram nos conflitos, incluindo soldados.

ATAQUES DE ONTEM

Segundo oposicionistas, regiões residenciais de Douma, a 12 km de Damasco, foram atacadas durante oito horas pelas forças de Assad.

"Ninguém se arrisca a andar nas ruas por causa dos atiradores", declarou o ativista Omar Hamza à agência Associated Press, por telefone. Outro ativista, Mohamed Said, relatou o uso de tanques e de escudos humanos pelas tropas da ditadura síria.

Hamza avalia que a intenção do governo é controlar a área antes do cessar-fogo para evitar a organização de protestos contra Assad tão logo as tropas cumpram o acordo com a ONU e se retirem.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos, baseado no Reino Unido, disse que também houve conflitos nas cidades de Hraytan e Anadan, perto de Aleppo, no norte do país. A censura imposta pela ditadura síria à imprensa impede a verificação independente das informações.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.