Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

1978 - 'Ele se convidou'

Ernesto Geisel e Jimmy Carter

DO RIO
DE SÃO PAULO

O convite a Jimmy Carter (1977-81) não foi iniciativa do Brasil, mas do governo americano, desdenhou o chanceler de Ernesto Geisel (1974-79), Antônio Azeredo da Silveira, à véspera da visita do presidente.

A relação ia de mal a pior. Carter acusava seus antecessores de terem apoiado "qualquer ditador" pelo "medo excessivo" do comunismo. Disse que os direitos humanos não eram só assunto interno dos países, e sobretudo fazia pressão contra o acordo nuclear Brasil-Alemanha.

Silveira assinara em 1976 com Henry Kissinger, então secretário de Estado, um memorando de consultas mútuas sobre temas globais que foi por água abaixo com Carter. Geisel denunciara o acordo militar com os EUA.

Em 1977, o secretário de Estado Cyrus Vance tinha esquecido no gabinete de Geisel um documento que revelava a estratégia de usar a suposta concordância da Argentina em não reprocessar plutônio para pressionar o Brasil na área nuclear.

Antes da visita, os EUA propuseram ao Brasil uma parceria para explorar a energia térmica dos oceanos. Memorandos do Itamaraty apontaram custo alto e risco de acidente ambiental: "Talvez por isso não instalaram o projeto na Califórnia".

O assessor de Segurança Nacional de Carter, Zbigniew Brzezinski, disse que o presidente teria um "dia de contemplação" no Rio de Janeiro -onde ele se encontrou com o cardeal Paulo Evaristo Arns e outros opositores da ditadura.

Carter recebeu também o empresário imobiliário Sergio Dourado, passo que Brzezinski criticou. "A reputação dele o tornou um símbolo de desconsideração com os seres humanos."

Em carta depois a Geisel, Carter diz querer "deixar para trás um tempo difícil". Teve pouco tempo. Eleito em 1980, Ronald Reagan distinguiu regimes "autoritários" dos "totalitários" e buscou se aproximar de João Baptista Figueiredo (1979-85).

O Brasil precisava dos EUA devido à crise da dívida, mas houve divergências sobre a Guerra das Malvinas e intervenções na América Central.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.