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1998 - 'Convite singular'

Fernando Henrique Cardoso e Bill Clinton

DO RIO
DE SÃO PAULO

"Os EUA pretendem envolver a América Latina numa cruzada, agora não contra comunistas, mas contra narcotraficantes", ataca o embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima em telegramas enviados de Washington em 1996.

O Brasil chamava de "predatória" a ação da DEA (agência antidrogas) na Bolívia, e chegou a dispensar por um ano a ajuda americana no setor -"o dinheiro é pouco e as regras, leoninas".

Foi a ida a Nova York para uma reunião da ONU sobre o tema, entretanto, que levou Fernando Henrique Cardoso (1995-03) ao encontro tido como símbolo de sua boa relação com Bill Clinton (1993-2001): um jantar e uma noite no retiro presidencial de Camp David, em 1998.

Os brasileiros pediram para levar fotógrafo, e os americanos vibraram porque a imprensa destacou a "importância e a singularidade" do convite, segundo documentos da Biblioteca Clinton.

Na conversa, Clinton cumprimentou FHC pela "impressionante resposta do Brasil à turbulência financeira na Ásia" (a desvalorização do real e o socorro bilionário do FMI viriam depois).

FHC chegou ao poder disposto a restaurar a credibilidade do Brasil e a inseri-lo no "mainstream" global, definiu depois o chanceler Luiz Felipe Lampreia. O país aderiu ao Tratado de Não Proliferação Nuclear e aprovou uma nova Lei de Patentes.

Mas a sintonia com Clinton foi perturbada também pela proposta da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). O Brasil temia ser engolido pela "assimetria" entre sua economia e a americana.

Em 2001, já sob George W. Bush, o embaixador Rubens Barbosa critica "o primarismo dos argumentos" americanos no tema: "revelam um claro erro de avaliação da firmeza da nossa postura". Para ele, a Alca morreu quando os EUA tiraram da mesa temas de interesse do Brasil, como subsídios agrícolas.

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