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2003 - 'O que você vê é o que é'

Lula e George W. Bush

DO RIO
DE SÃO PAULO

Em abril de 2005, dois meses antes de renunciar devido à denúncia do mensalão, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, diz ao embaixador John Danilovich que a relação bilateral está no melhor nível "desde a 2ª Guerra".

Interlocutor dos EUA desde a eleição, Dirceu se preocupa com o "estado de paralisia" da Alca, já que o Brasil precisa "aumentar cem vezes" o comércio com os EUA.

A conversa, relatada num telegrama obtido pelo "WikiLeaks", intriga o embaixador, mas ainda tira proveito da "boa química" entre Luiz Inácio Lula da Silva (2003-11) e George W. Bush (2001-09), consagrada na cúpula de 2003.

"What you see is what you get" (o que você vê é o que é), disse Bush a assessores sobre o brasileiro, segundo relata o embaixador aposentado Rubens Barbosa no livro "O Dissenso de Washington".

Antes da posse de Lula, o diplomata Richard Haass viera ao Brasil dizer que pretendia "institucionalizar" a relação. Em 2003, são criados grupos permanentes de nível ministerial em várias áreas.

O Itamaraty achava que Bush, apesar do conservadorismo, era um "político intuitivo", um "nice guy".

As divergências crescem, porém. No fim de 2005, a Embaixada dos EUA diz que o governo Lula "reluta em cooperar" com o americano, a não ser numa "troca entre iguais". Demonstra desconforto com piadas do assessor Marco Aurélio Garcia. "Sabe por que não há golpe nos EUA? Porque não há embaixada americana lá."

Os americanos, entretanto, procuram o Brasil para entender e fazer mediação com Hugo Chávez e Evo Morales. Em 2007, o subsecretário de Estado Nicholas Burns diz que seguiu conselho de Lula de não responder às provocações de Chávez: "Queremos conversa; ele não".

Naquele ano, o memorando de cooperação em biocombustíveis dá um viés positivo à relação. Os EUA chamam o Brasil de "líder regional e parceiro global", fórmula atualizada para "potência global emergente" -resultado do fator China, do crescimento pós-2006 e do pré-sal.

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