Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ícone da TV dos EUA, jornalista do "60 Minutes" morre aos 93

Mike Wallace comandou programa de entrevistas de 1968 a 2006

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
DO “NEW YORK TIMES”

Mike Wallace, que como entrevistador do programa de TV americano "60 Minutes" tornou-se um dos jornalistas mais influentes do século 20, morreu anteontem, aos 93 anos, em Connecticut (EUA).

O anúncio foi feito ontem no telejornal da manhã da CBS, emissora do "60 Minutes". Segundo a TV, Wallace morreu ao lado da família em New Haven, na clínica onde passou os últimos anos. A causa da morte do jornalista, com histórico de doenças cardíacas, não foi divulgada.

Wallace entrevistou chefes de Estado, celebridades e artistas por 38 anos no "60 Minutes" -um inovador formato de revista televisiva e jornalismo investigativo criado em 1968-, aplicando estilo implacável e polêmico que se transformou num paradigma.

"Forgive me" (perdoe-me) era sua expressão predileta para anteceder perguntas incômodas. Em 1979, ao aiatolá Khomeini, então líder espiritual do Irã, ele disse: "[O presidente egípcio] Chamou o senhor -perdoe-me, são palavras dele, não minhas- de lunático."

Wallace disse ao "New York Times" em 2006 que gostaria de ser lembrado como "duro, mas justo", caracteríscitas que são "o fundamento do bom jornalismo".

Naquele ano, já aposentado, ele fez uma entrevista com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que lhe rendeu o 21º Emmy (Oscar da TV) da carreira.

Tanto a forma como a substância do trabalho de Wallace levantaram debates éticos. Em 1975, a CBS pagou US$ 100 mil para que ele entrevistasse H. R. Haldeman, ex-chefe de gabinete de Richard Nixon (1969-1974).

Outra controvérsia foi o uso de câmeras escondidas e disfarces, que Wallace abandonaria anos depois.

"Consiga a história. Consiga primeiro", era o lema dele, que certa vez admitiu que a fama de roubar reportagens de colegas não era "necessariamente indevida".

Em 1982, o jornalista respondeu a um processo por calúnia a respeito de uma reportagem sobre a Guerra do Vietnã. Foi absolvido, mas o episódio o fez tentar se matar.

Filho de imigrantes russos, Wallace nasceu em Brookline, Massachusetts (EUA), e se formou na Universidade de Michigan. Décadas mais tarde, ele ajudaria a financiar o programa de estudos para jornalistas Knight-Wallace, com o qual a Folha mantém intercâmbio.

Casado quatro vezes, Wallace deixa a mulher, Mary Yates, uma enteada, Pauline, e um filho, Chris, âncora do canal FOX. Seu outro filho, Peter, morreu em 1962.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.