Mercados europeus têm jornada de pânico

A crise da dívida europeia ganhou nova vida ontem, com mercados financeiros do continente sacudidos por uma onda de pânico em meio a temores sobre o impacto de medidas de austeridade na Espanha e na Itália.

A tensa calma sentida na Europa após o resgate grego em fevereiro foi desmanchada quando o mercado se assustou com evidências de uma recessão e de uma oposição popular crescente aos cortes em programas sociais e aos aumentos de impostos.

Itália e Espanha, a terceira e a quarta maiores economias da zona do euro, estavam no centro do turbilhão, com investidores exigindo um prêmio cada vez mais alto pela posse de seus títulos.

"A Espanha está no centro de uma tempestade", admitiu o ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, que não quis descartar um eventual resgate, mas insistiu em que pode ser evitado.

Na Itália, o governo de Mario Monti enfrenta crescente hostilidade às reformas trabalhistas, enquanto o mero tamanho de sua dívida pública é um alvo óbvio dos nervosos operadores de mercado.

As taxas de juros sobre os títulos espanhóis de dez anos atingiram ontem 6% pela primeira vez desde janeiro, quando os líderes europeus tentavam fechar o pacote grego. Ações em Madri caíram cerca de 3% -o nível mais baixo desde março de 2009.

Na Itália, as ações caíram 5% diante de rumores de que o governo pretende revisar para baixo a previsão de crescimento.

O euro também sofreu pressão, perdendo 0,2% em relação ao dólar e mais de 1% em relação ao iene.

"A moeda comum deve enfrentar novos percalços no curto prazo, uma vez que a região segue sob o risco de uma recessão prolongada", disse o analista David Song.