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Cristina estuda expropriar petroleira, segundo 'Clarín'

Texto sobre YPF, subsidiária da espanhola Repsol, teria sido enviado ao Congresso

Madri sobe o tom e ministro da Indústria da Espanha diz que 'gesto de hostilidade' trará 'consequências'

DE SÃO PAULO

O governo argentino estuda expropriar parte das ações da maior produtora de petróleo do país, a YPF, subsidiária da espanhola Repsol.

A Casa Rosada já teria enviado um projeto de lei ao Congresso para tornar "de utilidade pública e sujeito à expropriação" 50,01% das ações da YPF, segundo o "Clarín", que diz ter tido acesso ao documento.

Com isso, fecharia ainda mais o cerco à companhia, que vem sendo acusada pelo governo, desde o início do ano, de formação de cartel e de não ter investido o suficiente para enfrentar uma provável carência energética no próximo inverno.

Fariam parte dos 50,01% todas as 100 milhões de ações do Grupo Petersen, pertencente à familia Eskenazi, aliada da família Kirchner, e 96,5 milhões de títulos da Repsol, que possui 57,43% deste tipo de ação da YPF.

O governo possui hoje apenas 0,02% das ações da companhia -o restante flutua na Bolsa.

Em pronunciamento ontem, a presidente Cristina Kirchner não abordou o tema, contrariando as expectativas de que confirmaria a ação contra a YPF.

Mas, ao anunciar medidas protecionistas sobre a indústria frigorífica, afirmou, em tom de recado: "Estou disposta a pagar todos os preços que tiver que pagar para seguir sustentando esse modelo de crescimento".

Diante da ameaça argentina de expropriação, Madri subiu ontem o tom e disse que qualquer "gesto de hostilidade" trará "consequências".

"O governo da Espanha defende os interesses de todas as empresas espanholas, dentro e fora [do país]. Se em alguma parte do mundo há gestos de hostilidade contra esses interesses, o governo os interpreta como gestos de hostilidade à Espanha e ao governo da Espanha", disse o ministro da Indústria, José Manuel Soria, em vídeo com aspecto amador gravado durante viagem à Polônia.

O presidente da Repsol, Antonio Brufau, esteve ontem em Buenos Aires, onde se encontrou com o ministro do Planejamento, Julio de Vido, uma das principais vozes no governo contra a "cartelização".

Ontem, a província (Estado) de Santa Cruz, responsável por 20% da produção de petróleo no país, retirou a licença da YPF em outros três distritos. Chubut, Mendoza e Neuquén também já tomaram a mesma decisão.

Para Mariano Lamothe, da consultoria argentina Abeceb, uma ação do governo sobre a YPF já era esperada. "Se for confirmada, será uma medida dura, que aponta para a estatização da empresa, uma guinada com relação ao que foi feito nos anos 90", disse.

A nacionalização do petróleo é uma bandeira da Cámpora, agrupação juvenil que é base de apoio do governo.

As ações da YPF dispararam ontem em Buenos Aires e em Nova York, subindo 7,4% e 8,6%, respectivamente. Com isso, recuperam parte da queda de cerca de 30% registrada desde o início deste ano.

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
COLABOROU SYLVIA COLOMBO

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