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Novo ditador norte-coreano faz 1º discurso público em festa nacional

No centenário de nascimento do avô, Kim Jong-un promete manter prioridade às Forças Armadas

Fala do jovem líder, que surpreendeu habitantes do país, ocorreu dias depois de fracasso em lançamento de foguete

JEAN H. LEE
DA ASSOCIATED PRESS, EM PYONGYANG (COREIA DO NORTE)

O novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, de idade estimada em torno de 30 anos, discursou em público pela primeira vez ontem (anteontem à noite no Brasil) e prometeu dar prioridade máxima às Forças Armadas.

O discurso foi o momento culminante das duas semanas de festejos assinalando o centenário do nascimento de seu avô, o fundador do regime comunista norte-coreano, Kim Il-sung (1912-1994).

As festividades foram prejudicadas na semana passada pelo lançamento fracassado de um foguete, que suscitou condenação internacional e custou à Coreia do Norte acordo com os EUA para trocar alimentos pela suspensão de atividades nucleares.

O discurso de Kim Jong-un pegou de surpresa os norte-coreanos reunidos na praça Kim Il-sung e diante de TVs em todo o país. Seu pai, o ditador Kim Jong-il, morto em dezembro, discursou para o público só uma vez na vida.

Aparentando estar calmo e comedido na leitura do discurso de 20 minutos, o novo ditador tratou de uma grande gama de tópicos, de política externa a economia. Seu discurso e a parada militar que o seguiu coroaram as festividades do aniversário de Kim Il-sung, que incluíram enorme queima de fogos.

Reforçando a mensagem de Kim de que a Coreia do Norte vai continuar a despejar recursos em suas Forças Armadas, a parada culminou com a exibição de um novo míssil de longo alcance.

Mas não está claro quão poderoso é o míssil nem sua importância no arsenal norte-coreano. Analistas sugeriram que pode ter sido um falso míssil, com a finalidade de enganar observadores.

Embora o fiasco do foguete lançado na sexta tenha sido um constrangimento enorme para a nova liderança, o discurso de Kim foi visto por especialistas como expressão de confiança, visando mostrar que o jovem líder está firme no controle do país.

"A superioridade na tecnologia militar não é mais monopólio dos imperialistas, e a era de inimigos que usam bombas atômicas para nos ameaçar e chantagear acabou para sempre", disse Kim.

Sua mensagem não sinalizou nenhuma mudança importante na política nacional. A prioridade ao setor militar é central no processo decisório norte-coreano há anos.

Mas houve um simbolismo forte nas imagens de Kim falando ao país na TV e depois assistindo à parada da nata das Forças Armadas, que têm 1,2 milhão de homens. Em vários momentos, o jovem líder riu e gesticulou descontraidamente com altos oficiais.

Continuam fortes, porém, os temores de que a Coreia do Norte compense o fiasco do foguete com um teste nuclear, como fez em 2006 e 2009.

Tradução de CLARA ALLAIN

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