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Espanha declara fim da "longa amizade"

Madri promete que fará 'fortes represálias'

LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

A Espanha anunciou ontem "fortes represálias" à decisão argentina de desapropriar a YPF e classificou a medida como um ataque direto ao Estado espanhol.

O Ministério de Assuntos Exteriores declarou o fim da "longa relação de amizade" com o país e convocou o embaixador argentino para uma audiência hoje. A Repsol (o controlador espanhol da YPF) anunciou que estuda medidas legais contra o governo.

O anúncio mobilizou todo o meio empresarial espanhol que, assim como o governo, teme que a desapropriação eleve ainda mais os temores do mercado em relação à Espanha e afete a venda de títulos da dívida que o país promove hoje e na quinta-feira.

A notícia da YPF chegou à Espanha minutos após o fechamento da Bolsa de Madri, que havia recuado 0,57 %.

Antes disso, o país já despertara com dores de cabeça: primeiro soube que as taxas de juros para seus títulos de dez anos passavam dos 6%.

Depois, discutia a viagem do rei Juan Carlos 1º a Botsuana para caçar elefantes, que só foi divulgada porque o monarca caiu e quebrou o quadril. O episódio despertou a ira dos antimonarquistas. Ontem, o rei seguia internado.

Após reunião de emergência com o premiê Mariano Rajoy, o ministro Jose Manoel Soria (Indústria) classificou o ato de Cristina como um "claríssimo gesto de hostilidade" e disse que Buenos Aires infringe um acordo que prevê consenso entre os dois países para decisões envolvendo empresas espanholas.

"É uma decisão contra uma empresa espanhola e, portanto, contra a Espanha. Não afeta só uma empresa, mas a milhares de acionistas", disse.

"Não lembro de precedentes similares", disse o chanceler José Manoel Margallo.

Hoje, Rajoy viaja ao México e à Colômbia, onde tentará angariar apoio contra a medida. Além da Repsol, há outras gigantes espanholas (Telefónica, Santander e BBVA) na Argentina. Madri teme efeito dominó nos investimentos espanhóis na região.

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