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Expropriação na Argentina tem apoio de oposicionistas Cristina obtém no Senado votos para aprovar medida na semana que vem Risco-país sobe e ações da YPF despencam; EUA expõem preocupação, e 'Wall Street Journal' diz que decisão é 'roubo' SYLVIA COLOMBODE BUENOS AIRES Embora tenha feito o risco-país da Argentina superar os mil pontos, o projeto de lei que determina a expropriação da petrolífera YPF, subsidiária da Repsol espanhola, obteve ontem importante apoio no Senado, com a adesão de expoentes opositores. O governo dos EUA manifestou sua preocupação com o projeto de lei do governo argentino. "Francamente, quanto mais analisamos isso, mais o vemos como um acontecimento negativo", disse o funcionário do Departamento de Estado, Mark Toner, que chamou a atenção para o "desestímulo" aos investimentos estrangeiros. México e União Europeia manifestaram solidariedade à Espanha, enquanto Juan Manuel Santos (Colômbia) disse, em evento para empresários, que seu país "não expropria", e que é seguro para investidores. O venezuelano Hugo Chávez lembrou que a nacionalização era um "sonho de Néstor Kirchner", o marido morto da presidente. Já o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, citou a soberania argentina. "É uma decisão soberana argentina. (...) Acompanharemos de perto os desenvolvimentos dessa história, que obviamente nos interessa muito", afirmou o ministro. Enquanto isso, no Senado, a proposta ganhou o OK necessário para ser finalmente aprovada na semana que vem, virando lei em maio. Membros de partidos tradicionais da oposição, como a UCR (União Cívica Radical) e a socialista Frente Ampla Progressista, aderiram ao projeto, somando 59 votos, dos 72 possíveis. Também foi anunciada a inclusão, na lei, da expropriação da YPF Gas, outra empresa do grupo. A repercussão negativa da notícia, porém, fez com que, no final do dia, as ações da empresa caíssem 27,87% na bolsa de Buenos Aires, e 32,7% em Nova York. O "Wall Street Journal" chamou a nova norma de "roubo", e disse que apenas Chávez tinha aplaudido. Chegou a propor que a Argentina fosse expulsa do G20. Segundo o jornal "El País", a nacionalização coloca fim numa negociação que estava sendo feita entre a Repsol e a chinesa Sinopec para um investimento na empresa. A presidente Cristina Kirchner disse, ontem, que a nacionalização poderia ter sido feita antes e que era um sonho de seu marido, Néstor. Elogiou o vice-ministro de economia, Axel Kicillof, pela apresentação da proposta. Para Milagros Gismondi, do escritório Orlando Ferreres, a nacionalização não deve assustar investidores. "É um caso particular, por se tratar de uma área estratégica e que está ligada a um setor que está passando por uma situação delicada. O governo não deve expandir essa ação a outras áreas", disse à Folha. O porta-voz da Câmara de Importadores da Argentina, Miguel Ponce, também pôs panos quentes. Disse que "a hierarquização do intercâmbio comercial argentino é uma prioridade, ainda que seja necessário não irritar os parceiros internacionais, em especial os EUA." Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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