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Chávez manipula a Justiça, acusa ex-juiz

Afastado em março, ex-magistrado da mais alta corte da Venezuela se entrega à agência antidrogas americana

Chanceler diz que Aponte, que seria ligado ao tráfico, 'vendeu a alma' aos americanos, que não comentaram

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um magistrado da mais alta corte da Venezuela, afastado por suposto vínculo com o narcotráfico, resolveu cair atirando: fugiu para a Costa Rica, entregou-se à DEA, a agência antidrogas dos EUA, e agora acusa o presidente Hugo Chávez e ministros de manipularem a Justiça.

"Do presidente para baixo", respondeu Eladio Aponte Aponte, quando questionado por uma TV de Miami se funcionários e autoridades tinham atuado para interferir em suas sentenças.

Segundo Aponte, Chávez lhe telefonou diretamente em 2004 para falar do chamado "caso dos paramilitares", um grupo de colombianos presos em Caracas acusados de conspirar contra o governo.

"Bom, [ele pediu] que eu conduzisse [o caso] de uma maneira conveniente para o governo", disse o ex-juiz.

Aponte também acusou militares de terem intercedido a favor de um oficial detido com drogas.

O chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, reagiu ontem e disse o que ex-juiz é um homem "desprestigiado" que vendeu "a alma à DEA".

Há anos a Venezuela não permite a atuação de agentes antidrogas dos EUA, acusando-os de agirem politicamente motivados.

"[A DEA] levou esse homem para convertê-lo em porta-voz contra a Venezuela", disse Maduro.

Aponte, um modesto advogado militar que teve carreira meteórica no Judiciário sob Chávez, foi afastado do cargo pela Assembleia Nacional em março sob a acusação de ter fornecido uma identidade especial para o empresário Walid Makled, que está sendo julgado por liderar uma ampla rede de narcotráfico.

Deposto, o magistrado Aponte então fugiu para a Costa Rica, onde esteve em contato com a DEA, segundo autoridades locais. Saiu de lá num avião dos EUA.

Representantes da agência antidrogas americana em Miami e Washington e o Departamento de Estado se recusaram a comentar.

Se aceito como testemunha, Aponte se tornará o mais alto funcionário do governo Chávez a endossar acusações americanas de leniência do governo venezuelano com o tráfico de drogas.

Os EUA mantêm vários militares do país, inclusive o ministro da Defesa, Henry Rangel, na "Lista Clinton", de pessoas e empresas supostamente ligadas ao tráfico.

Na entrevista transmitida anteontem, Aponte disse não se lembrar de ter assinado ou não um documento para o acusado Makled, que está sendo julgado a portas fechadas em Caracas.

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